Uma das principais comorbidades que afetam pacientes com Covid-19, a diabetes é uma doença silenciosa que está no cotidiano de mais de 12 milhões de brasileiros, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2019 (PNS). De acordo com a endocrinologista Luizianne Martins, pacientes com diabetes não possuem risco maior de contraírem o novo coronavírus (Sars-CoV-2), mas há maior chance de evoluírem para formas mais graves, que podem ocasionar o óbito.
Isso ocorre porque a hiperglicemia (aumento da glicose no sangue) e o aumento de gordura induzem a um estado inflamatório no organismo, o que faz crescer o risco cardiovascular nesses indivíduos. “Os diabéticos que terão resultados piores se contraírem Covid-19 são aqueles com longa história de diabetes, mau controle glicêmico, obesidade, presença de complicações e, especialmente, os idosos acima dos 60 anos, independentemente do tipo de diabetes”, explica Luizianne. A especialista destaca que o risco de complicações pela Covid, caso os níveis de açúcar no sangue estejam controlados, é quase igual ao das pessoas sem diabetes.
De acordo com a plataforma IntegraSus, pacientes com diabetes mellitus somam 25,98% dos óbitos por Covid-19 com comorbidades no Ceará. A doença é dividida em tipo 1, que representa cerca de 10% das ocorrências no Brasil e tende a se manifestar na infância ou adolescência, e a tipo 2, com 90% de incidência, e mais comum em pacientes adultos. No caso da tipo 2, que concentra um número maior de pacientes obesos, o risco cardiovascular aumenta.
“Até o momento, não foi relatado o excesso de mortalidade por Covid-19 em pacientes jovens com diabetes mellitus tipo 1 em relação a indivíduos da população geral da mesma idade e sexo. Também não há dados avaliando o risco de gravidade e morte por Covid-19 em pacientes com diabetes tipo 1 de longa duração da doença sem comorbidades, obesidade ou com controle metabólico adequado”, comenta Luizianne.
Pacientes com diabetes estão na fase 3 do Plano Nacional de Operacionalização da Vacina contra a Covid-19, elaborado pelo Ministério da Saúde.
Cuidados não podem cessar
A endocrinologista reforça que o acompanhamento médico precisa ser contínuo para os pacientes, além de manterem uma alimentação saudável, aliada a rotina de atividades físicas. “É fundamental fazer a monitorização das glicemias capilares mais frequentemente e manter o acompanhamento médico, objetivando o melhor controle glicêmico possível. No mercado já existem dispositivos implantáveis para o monitoramento contínuo da glicemia que facilitam o controle glicêmico.”
Outra indicação é de que o álcool gel não pode ser utilizado para higienização dos dedos antes da punção com agulha para glicemia capilar, pois ele forma uma película que interfere na leitura do aparelho. Nesse caso, a higienização dos dedos deve ser feita com água e sabão, ou com a versão líquida do álcool 70%. “A higienização do aparelho também deverá ser feita com álcool a 70% e um lenço de papel, lembrando de proteger o orifício onde é inserida a fita, pois este não pode ser umedecido.”
Indicações
Luizianne detalha os cuidados que os pacientes devem manter. A frequência da monitorização das glicemias em casos de diabéticos com Covid não internados deve ser:
- Para os diabéticos tipo 2 que usavam medicação oral ou insulina, a monitorização deve ser feita sempre com aferição das glicemias antes do café, almoço e jantar e alternando os testes da glicemia pós-prandial, realizada duas horas após a refeição;
- Para pessoas com diabetes tipo 1, realizar aferições glicêmicas antes das refeições principais e duas horas após elas;
- Para gestantes com diabetes gestacional, realizar medições antes das refeições principais e após uma hora.