Desabamento do Edifício Andrea afeta 20 pessoas; resgate vai 'durar alguns dias'

Equipes de salvamento mantêm buscas para encontrar sobreviventes no Edifício Andrea, que desmoronou na manhã de ontem

Um pedido de silêncio e um pedido de socorro, ao longe. A escuta era o principal recurso das equipes de resgate do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil para encontrar sobreviventes do desabamento do Edifício Andrea, no bairro Dionísio Torres, em Fortaleza. Em poucos segundos, às 10h28 dessa terça-feira, o prédio de sete andares foi ao chão, levando consigo o que achou pelo caminho.

O trabalho incansável de agentes de diversas corporações, que segue sem trégua, resgatou nove pessoas com vida. 

Até o final da noite de terça (15), o número total era de 18 pessoas atingidas, levando em conta as reclamações de familiares e amigos, que a todo instante chegavam à casa de apoio montada em frente ao local para informar nomes, andar e endereço de moradores ou trabalhadores. Hoje pela manhã, o número foi atualizado para 20.

Os primeiros minutos no local da tragédia foram os mais pesarosos. Ambulâncias, viaturas do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Civil, Guarda Municipal, Cruz Vermelha e retroescavadeiras atropelavam choros, gritos e tentativas de diálogo com quem, por ventura, estivesse entre as ruas Tomás Acioli e Tibúrcio Cavalcante no momento do incidente.

“Foi um ‘papoco’ maior do mundo. Tenho uma amiga lá. O meu (prédio) é do mesmo jeito, já estou com medo”, comentou a aposentada Célia Peixoto, 70.

O susto também afetou a diarista Maria do Livramento, que trabalhava em frente. “Só escutei ‘pou’. Um ‘papoco’. Valha-me Deus! O que foi isso? Não era coisa real. Quando fui ver na janela, todo mundo gritando”, disse, com as mãos trêmulas.

A mobilização de centenas de pessoas para ajudar nos trabalhos envolveu profissionais que estavam de folga e voluntários. Os pedidos por mais silêncio no local da obra eram reforçados constantemente para o andamento do trabalho de procura por sobreviventes, enquanto os agentes rastejavam cuidadosamente em meio à estrutura colapsada.

Operação

“Tende a durar muitos dias. São muitas camadas, sete andares, pelo menos 14 unidades residenciais. Vai durar alguns dias. A gente tá contando com a ajuda da população que tinha familiares. E a gente, lá no local, precisa também de silêncio para localizar quem esteja emitindo som”, informou o tenente João Romário, assessor do Corpo de Bombeiros do Estado do Ceará.

Alguns prédios da região foram isolados pela Defesa Civil para evitar novos incidentes, segundo o comandante-adjunto do Corpo de Bombeiros, coronel Cleyton Bastos Bezerra. “A princípio, não oferece riscos a prédios vizinhos. Aqueles mais próximos, por um esmero maior de segurança, a gente tá esvaziando”, comentou. O oficial preferiu não adiantar as causas do desabamento.

“Logicamente, um problema estrutural, mas oficialmente não temos um posicionamento sobre a causa”.

Esperança

A angústia da falta de informações, com abraços e palavras de conforto, até entre desconhecidos, se transformava em explosão de emoção e mais abraços com a notícia de um novo resgate entre tijolos, metais e objetos retorcidos. A retirada de vítimas era seguida por aplausos de parentes, moradores e curiosos.

Quatro feridos foram levados ao Instituto Dr. José Frota (IJF) na terça, enquanto dois a unidades particulares de saúde. O caso mais grave, até o momento, envolve a idosa Antônia Peixoto Coelho, de 72 anos.

Aos familiares, Governo do Estado e Prefeitura de Fortaleza informaram que prestam auxílio, com psicólogos, alimentação e hospedagem. “A nossa prioridade é manter a energia e o foco nessa operação de resgate e, em paralelo, garantir assistência adequada às famílias”, alertou o prefeito Roberto Cláudio. Já o governador Camilo Santana reforçou o apoio.

“A determinação é 24 horas trabalhando para salvar as vidas das pessoas que estão nos escombros. “Muitas pessoas são solidárias. (Mas familiares) Querem permanecer próximas ao local”, disse.