Celebrar as festas de fim de ano ao lado de quem, por conta da pandemia da Covid-19, agora não faz mais parte do convívio diário trouxe prejuízos à saúde de famílias fortalezenses, como mostrou o último boletim epidemiológico divulgado pela Prefeitura de Fortaleza. Os exames para identificação do coronavírus com resultado positivo, feitos nas unidades públicas de saúde da Capital, passaram de 22,7% - entre os dias 28 de dezembro e 7 de janeiro - para 31,1% no intervalo de primeiro de janeiro ao dia 14 do mesmo mês.
Além disso, a média móvel de casos dos sete dias anteriores à análise ficou em 170,7 confirmações diárias da doença: aumento de 112,57% quando comparado ao valor anterior da média móvel de 80,3 casos confirmados por dia. No entanto, o valor é 30,4% inferior ao registrado há duas semanas, quando a média móvel esteve em 245,3.
A média móvel de óbitos mais recentes, de 2,4 mortes diárias, representa uma queda de 45% se comparada há 14 dias - quando 4,4 pessoas morriam na Capital devido a complicações da doença. Os dados são da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), divulgados na sexta-feira (15).
O médico epidemiologista Antônio Lima, gerente da Vigilância Epidemiológica de Fortaleza, frisa a necessidade de não descuidar das medidas de prevenção à doença ao analisar a situação de crescimento expressivo da doença no país, com destaque para Manaus, capital do Amazonas.
"Nós temos que redobrar os cuidados, obedecer aos decretos de não aglomeração, de uso de máscaras, porque o que está acontecendo em Manaus decorre de uma combinação de questões. Tanto uma nova cepa, uma nova linhagem, quanto ao período de fim de ano que explode a transmissão", analisa Antônio.
Casos recentes
Júlia Ferreira, auxiliar administrativa, acredita ter sido infectada pela doença em um dos poucos momentos em que deixou as orientações de segurança de lado. No Natal, as máscaras ficaram guardadas e abraços foram trocados entre parentes. "Eu sentia uma forte dor de cabeça e um familiar positivou. Foi daí que veio a minha preocupação porque eu tive contato. Resolvi fazer o teste e, no dia 29, recebi o resultado positivo", lembra sobre a ocasião.
Compartilhando a casa com a avó e a tia, ambas idosas, a jovem mantém o isolamento no quarto e utiliza utensílios, como pratos e talheres, separados. "Todo mundo estava o tempo todo de máscara, mesmo eu estando isolada, foi feita toda uma adaptação para ninguém se contaminar", destaca. Júlia, que teve sintomas leves, vê a necessidade de não descuidar das medidas preventivas à doença como uma forma de cuidar do outro.
Sentimento compartilhado pela enfermeira Maiara Costa, também diagnosticada com a doença entre as festas de fim de ano, quando teve congestão nasal, dor nos olhos e diarreia. "No início dos sintomas eu me isolei no quarto e no sétimo dia eu procurei assistência médica para fazer o exame RT-PCR, que deu detectável para a Covid-19. Continuei em isolamento, tendo todos os cuidados e limpando os ambientes", destaca.
Por morar com os pais idosos e cuidar do avô de quase 90 anos, o resultado do exame trouxe preocupação além da própria saúde. Maiara, que seguia a rotina com os cuidados de higienização e uso de máscaras, se mantém em quarentena no quarto de casa. "Foi muito difícil para mim saber que eu estava com Covid 19 porque eu tenho fatores de risco, mas graças a Deus eu não tive nenhum agravante. Eu mesmo monitorei os meus parâmetros", completa a profissional da saúde.