Após susto em velório, especialista explica que movimentos involuntários de mortos são comuns

O caso aconteceu no município de São Luís do Curu, Interior do Ceará, nessa sexta-feira (16)

Um velório foi interrompido no Interior do Ceará, nessa sexta-feira (16), devido à família do morto ter acreditado que ele estaria vivo. A dúvida veio quando a mulher do falecido alegou que ele apertava a mão dela e estaria suando. Horas depois, a morte foi novamente constatada. Ao tomarem conhecimento do caso, especialistas esclareceram o que pode ter acontecido para os parentes terem a impressão sobre ainda ter sinais vitais no corpo.

O coordenador do Laboratório de Anatomia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Helson Silveira, informou ser comum ocorrer contrações involuntárias após a morte. Segundo Silveira, esse fenômeno pós-morte pode ser caracterizado porque as células morrem gradativamente e assim há contrações involuntárias do músculo.

"Às vezes é comum haver esses espasmos e o cadáver contrair a mão, o pé ou até o corpo inteiro. Outro fenômeno que pode acontecer são os gases, urinar, defecar, arrotar. As bactérias começam a se espalhar no intestino e isso dá impressão que o indivíduo está respirando ou se mexendo. São alterações que causam espanto. O suor é comum porque há líquido ainda e esse líquido começa a sair", disse Herlon.

Uma enfermeira do Instituto Doutor José Frota (IJF) relatou à reportagem que há dois anos estava preparando o corpo de um paciente, quando ele levantou o braço. A mulher recordou que profissionais se assustaram, mas entenderam que se tratava de um espasmo. Helson destaca que, atualmente, devido aos diagnósticos eficazes, é "difícil uma pessoa ser enterrada viva".

Dúvidas

Raimundo Bezerra de Sousa, de 61 anos, morreu às 22h da última quinta-feira (15), enquanto era atendido em um hospital de Itapipoca. O homem foi hospitalizado depois de passar mal na Cadeia de Trairi, onde estava preso. O corpo foi levado para São Luís do Curu e o velório iniciou por volta das 8h30 dessa sexta-feira. 

Às 11h30, a viúva alertou que sentia a mão do esposo a apertando a dela. A família acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que ao examinar o corpo constatou que o idoso estava morto. Não satisfeitos com a resposta, os familiares ainda levaram o corpo ao Hospital Municipal Antônio Ribeiro da Silva, em São Luís do Curu. Lá foram realizados mais exames e novamente concluído que não havia sinais vitais. Por volta das 18h, Raimundo Bezerra foi enterrado.