Com uma população de 308.566 habitantes e acumulando, pelo menos, 1.270 óbitos desde o início da pandemia, a área onde está situada a Regional 4 passou a registrar a maior taxa de mortalidade (411,6) por Covid-19 em Fortaleza, após o pico da segunda onda pandêmica. É o que aponta o mais recente boletim epidemiológico da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
Embora a Regional 4 esteja na indesejada dianteira, a maior taxa de mortalidade durante o pico da segunda onda era vista na Regional 2. Desde outubro de 2020, ou seja, o início da segunda onda, a maior quantidade de óbitos confirmados na Capital ocorreu em 3 de abril.
Já o maior número de casos confirmados da doença, em 1º de março. Nas duas ocasiões, a Regional 2 liderava com a taxa de mortalidade mais elevada, indica o informe semanal da secretaria.
A taxa de mortalidade acumulada por bairro resulta da relação entre o número total de óbitos e da população por 100.000 habitantes. Segundo a SMS, os dados e as análises de óbitos são baseados na confirmação laboratorial atualizada às 9h da última sexta-feira (2).
Enquanto isso, os dados de casos foram atualizados pela plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), no último 1º de julho.
Pedras e Manuel Dias Branco mantêm altas taxas
Pan Americano (517,7), Fátima (509,1) e Dendê (501,9) são os bairros que possuem hoje as maiores taxas de mortalidade na Regional 4. Se consideradas todas as regionais, Pedras (Regional 6) lidera, com a maior taxa (1224,5) dentre todos os bairros, seguido de Manuel Dias Branco (Regional 2), com 947,6.
Durante os picos de casos e de óbitos por Covid-19, Pedras e Manuel Dias Branco também apresentavam as mais elevadas taxas de mortes em Fortaleza. Ao longo de toda a pandemia, Pedras acumulou pelo menos 462 casos e 18 mortes pelo coronavírus. Já o bairro Manuel Dias Branco contabiliza 317 diagnósticos positivos e 15 mortes em decorrência da doença.
Moradora do bairro Pedras há cerca de 30 anos, a dona de casa Osmarina Gaudêncio confirma que “muita gente” da região foi infectada pelo vírus. Mesmo vacinada com a primeira dose da vacina, continua a tomar todos os cuidados para evitar a doença.
“Sou hipertensa, tomo remédio pra pressão. Os médicos dizem que sou muito prevenida porque ainda não peguei essa doença”, comemora.
Em números absolutos, a Regional 5 é a que concentra o maior número de óbitos (2.030) pelo coronavírus, dentre todas. Fazem parte da regional bairros como Mondubim, Prefeito José Walter, Vila Manoel Sátiro, Siqueira, Maraponga e Conjunto Ceará I.
Vulnerabilidade eleva taxa
Para a epidemiologista e pesquisadora da Universidade Federal do Ceará (UFC), médica Lígia Kerr, vários fatores influenciam na mudança de territorialização da Covid-19. Ela lembra que, no início da pandemia - tal como no pico da segunda onda em Fortaleza -, bairros da área nobre da cidade (Regional 2), como Meireles, Aldeota e Cocó, registravam alta concentração de casos da doença.
Com o passar do tempo, o vírus foi avançando para áreas mais periféricas da cidade. "Muita gente dessas áreas mais ricas estão em trabalho home office, onde você acaba reduzindo a contaminação. Então pra quem fica a contaminação agora? Pra quem anda de ônibus lotado, quem tem péssimas condições de moradia, de lavar a mão, usar álcool [em gel], uma máscara de boa qualidade e está trabalhando no dia a dia em um emprego informal", observa.
A médica também frisa que os testes para detecção da doença estão cada vez mais acessíveis, permitindo refletir com maior precisão a realidade. "Agora está aparecendo aquilo que não aparecia".
Confira, a seguir, a lista de bairros com maiores taxas de Covid por regional em Fortaleza:
Regional I (340,1)
Jacarecanga: 610,5
Monte Castelo: 476,6
São Gerardo/Alagadiço: 465,7
Regional II (405,1)
Manuel Dias Branco: 947,6
Centro: 630,0
Mucuripe: 544,5
Regional III (347,8)
Rodolfo Teófilo: 520,5
Parquelândia: 518,5
Presidente Kennedy: 432,5
Regional IV (411,6)
Pan Americano: 517,7
Fátima: 509,1
Dendê: 501,9
Regional V (342,2)
Prefeito José Walter: 622,5
Conjunto Ceará I: 541,4
Jardim Cearense: 478,8
Regional VI (275,4)
Pedras: 1224,5
Sabiaguaba: 517,2
Aerolândia: 441,9