Abandono escolar no Ensino Médio é de 6,6%

A taxa de abandono nos anos finais da Educação Básica no CE atingiu, ano passado, o menor índice desde 2007

Permanecer na escola é, para alguns, um desafio, seja por dificuldades pessoais, financeiras, familiares e territoriais, dentre outros motivos. Apesar dos problemas, a taxa de abandono nos três anos finais da Educação Básica no Ceará atingiu, no ano passado, o menor índice desde 2007. Segundo o Governo do Estado, o abandono do Ensino Médio caiu para 6,6%, ante os 9,7% registrados em 2016 e os 16,4% contabilizados há 10 anos. A porcentagem representa um universo de 21.738 estudantes fora da escola - o que, em termos comparativos, é maior que a população de 94 municípios cearenses.

Os dados foram apresentados em solenidade no Palácio da Abolição, na manhã dessa terça-feira. O governador Camilo Santana comemorou a diferença de 3,1 pontos percentuais, ressaltando que 10.240 jovens deixaram de sair da escola entre 2016 e 2017. No entanto, o chefe do Executivo estadual reconheceu que o trabalho precisa ser reforçado para evitar a evasão principalmente na transição do 9º ano do Ensino Fundamental para a 1ª série do Ensino Médio, que apresenta abandono de 8,8%.

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"É uma nova etapa na vida do aluno", disse Camilo. Da 1ª para a 2ª série, atualmente, a taxa é de 6,5%, e, da 2ª para a 3ª, 3,6%. Ainda segundo o levantamento, realizado pela Secretaria da Educação (Seduc), 105 (14,5%) das 722 escolas estaduais cearenses registraram taxa de abandono zero no ano passado. Dessas, 89 são Escolas de Educação Profissional, 15 escolas de tempo regular e uma unidade de ensino indígena. Já os Centros Regionais de Desenvolvimento da Educação (Credes) com as menores taxas de abandono foram os de Tianguá (4,8%), Canindé (4,7%), Itapipoca (4,4%) e Jaguaribe (2,6%). Para Santana, a queda nos índices pode ser explicada por ações como o mapeamento das infrequências realizado pelas escolas, boletins analíticos bimestrais com um raio-X da situação escolar do aluno e a criação do projeto #ChegueiEnsinoMédio, de acolhimento aos estudantes recém-ingressos.

Os dois únicos anos divergentes na série histórica, quando houve aumento da taxa, foram 2011 e 2016. A razão, segundo o governador, teria sido a ocorrência de greves de professores estaduais. "Há um efeito social muito forte e isso estimula o jovem a abandonar a escola", justificou.

Opções

Contudo, a maior inquietação, conforme Camilo, ainda é com os jovens que nem estudam e nem abandonaram os estudos para trabalhar (o principal motivo das desistências). "A Seduc procura analisar todos os fatores que levam o aluno a sair da escola. Não sabemos se eles estão na informalidade ou sendo aliciados pela vida do crime por conta da falta de opções", declarou o governador. No entanto, ele rebateu a influência da violência na vida escolar dos estudantes.

"O que nós estamos fazendo é o contrário. A violência se dá exatamente por esse abandono. A maior política de prevenção é dar educação para as pessoas", diz. "Nós temos uma geração que não teve acesso a oportunidades. É só pegar o perfil dos presos do Ceará: a grande maioria não terminou nem o Ensino Fundamental. Nós não vamos abrir mão de fazer esse trabalho".

Programa

Para diminuir a taxa, o Governo lançará, amanhã, o programa Nenhum a Menos, que prevê atuação em todas as séries de todas as escolas públicas do Ceará - não só as estaduais. A iniciativa premiará unidades com os melhores números. "Lugar de aluno é na escola", destacou o secretário de Educação do Ceará, Idilvan Alencar.

Atualmente, o Estado possui 119 Escolas de Educação Profissional e 111 de Ensino em Tempo Integral e 80 estão em construção. Outra ideia é continuar acompanhando a vida dos estudantes pós-Ensino Médio, diagnosticando se eles conseguiram inserção no mercado de trabalho ou entraram em cursos universitários. Um banco de dados será administrado pelo Ipece, segundo Camilo.