De 1º de janeiro de 2021 até esta sexta-feira (14), 94,32% dos atendimentos relacionados a síndromes gripais nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) de Fortaleza procederam de casos do novo coronavírus. Um total de 99.787 atendimentos foram realizados este ano nas unidades da Capital. Destes, 4.199 precisaram de transferência no período.
O pico de atendimentos ocorreu durante o mês de março, com 24.973 consultas. Já em abril, foram 24.787. O público mais socorrido foi o de mulheres entre 25 a 29 anos, com 5.397 ocorrências; seguido de mulheres entre 30 a 34 anos (5.263) e homens de 25 a 29 anos (5.237).
As UPAs que mais registraram pacientes foram a do José Walter, com 13.230; da Praia do Futuro (10.817); do Autran Nunes (10.635); do Jangurussu (10.263) e da Messejana (9.902). Os dados são do IntegraSUS, plataforma de transparência da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).
Atendimento nas UPAs
O estudante Juan Tavares, 24, que buscou atendimento na UPA do Edson Queiroz após adquirir a Sars-Cov-2 em janeiro, relata que o local estava lotado de pessoas com suspeita de Covid-19, mas “o atendimento foi efetivo e durou em torno de uma hora e meia entre a espera, a triagem, a consulta e a medicação”.
Juan realizou o exame RT-PCR na unidade, entretanto o resultado com a confirmação só saiu após sete dias de espera. “Quando eu recebi, eu já estava evoluindo para sair daquele quadro, só que, como os sintomas já eram característicos da doença, eu cumpri o isolamento normalmente em casa”.
Nesse período, o estudante recebeu acompanhamento remoto de uma equipe da Secretaria Municipal da Saúde (SMS). “Eles me ligavam todo dia para saber os meus sintomas, se tinham evoluído ou amenizado. Depois dos dias necessários, a médica disse via telefone que eu não estava mais transmitindo e poderia voltar a vida normal”.
Momento de alerta e precaução
Segundo a infectologista Melissa Medeiros, atualmente, pode-se observar a diminuição de casos de Covid-19 no Estado, com uma redução de internamentos. No entanto, o momento ainda é de alerta e precaução.
“Esse é o momento para ficar mais atento às medidas de proteção, a fim de evitar que a gente volte a ter um alto número de casos, porque o que vai nos proteger realmente das novas infecções é se a gente estivesse com a imunidade bem ampla dentro da população”, explica a infectologista.
Melissa pontua ainda que a imunização em massa da população seria a perspectiva ideal. “Embora a progressão da vacinação no Ceará seja muito rápida, a gente ainda tem uma taxa de vacinação muito aquém do que a gente precisaria para ter uma proteção efetiva, como está acontecendo nos Estados Unidos e em outros países do mundo”.
Além disso, a médica ressalta que as medidas de proteção continuam sendo extremamente necessárias no Estado, mesmo entre as pessoas que já foram imunizadas, pois elas ainda podem adoecer e transmitir o vírus para outras pessoas.
“É importante realizar o distanciamento social, evitar o contato e as aglomerações com outras pessoas, além de utilizar as máscaras de proteção e realizar a higienização das mãos”, esclarece.
O cuidado é para todos
De acordo com Fernanda Oliveira, gestora da UPA da Jurema - na Região Metropolitana de Fortaleza -, o perfil de pacientes atendidos na segunda onda da pandemia mudou em relação à primeira. “Esse ano tivemos um público mais jovem, onde a maioria dos internamentos foram de pacientes com idade menor de 65 anos”.
Além disso, ao relacionar o ano de 2020 com o atual, Fernanda comenta que os profissionais da área da saúde adoeceram bem menos devido às medidas de combate à pandemia, “o que interferiu diretamente na assistência ao aumento do número de pacientes críticos na unidade”.
“Enfatizamos sempre e, principalmente, aos nossos colaboradores as medidas de proteção, seguindo o uso dos equipamentos de proteção individual (EPI) e conscientizando sobre a importância da vacinação”, retrata a gestora.