61 bairros de Fortaleza não registraram óbitos por Covid nas últimas 4 semanas; confira lista

Por outro lado, outros 60 bairros contabilizaram 82 mortes no período, reforçando que os cuidados devem ser mantidos

Apesar de uma redução considerável nas mortes por Covid-19 desde que a vacinação ganhou um ritmo mais intenso, Fortaleza ainda registra óbitos pela doença. Nas últimas semanas, os bairros Vicente Pinzón, Carlito Pamplona, Canindezinho e Passaré tiveram o maior número, mas nenhum deles ultrapassou cinco vítimas. 

Os dados são dos boletins epidemiológicos da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), das edições de 17 de setembro e 15 de outubro, e foram analisados pelo Diário do Nordeste. Entre essas datas, foram registradas 82 mortes pela Pasta, mas que não necessariamente ocorreram nesse intervalo. A diferença pode ocorrer pelo retardo na confirmação de dados mais recentes. 

Por outro lado, dos 121 bairros da Capital cearense, 61 não registraram óbitos nas últimas semanas. Dos 60 que tiveram mortes, 33 contabilizaram apenas um caso entre os dois boletins. Outros 17 tiveram duas mortes, cada.

No período analisado, os 10 bairros com mais registros foram:

  • Vicente Pinzón - 5
  • Carlito Pamplona - 4
  • Canindezinho - 4
  • Passaré - 4
  • Barra do Ceará - 3
  • Jacarecanga - 3
  • Centro - 3
  • Serrinha - 3
  • Maraponga - 3
  • Jangurussu - 3

 

Francisco Márcio Lima Pereira, vice-presidente da União de Jovens do Vicente Pinzón (UJVP), relata que o pico da pandemia no início deste ano deixou até duas mortes por semana na comunidade. Porém, nos últimos quatro meses, “é muito difícil escutar que alguém tá internado ou faleceu”. 

Mesmo com a redução, o representante demonstra preocupação pelo bairro ser área praiana e, sobretudo aos fins de semana, receber centenas de visitantes de outras regiões da cidade, potencializando o risco de contaminação. 

“Temos muita gente que vive da praia, vendendo comida, água de coco. Querendo ou não, eles se misturam muito com todo mundo. A praia está lotada”, diz.

O ranking de acordo com as antigas seis regionais, divisão ainda utilizada pela SMS, mostra que a Regional II apresentou maior número de mortes. Nela se concentram bairros de maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

  • Regional II - 25
  • Regional I - 20
  • Regional VI - 12
  • Regional III - 10
  • Regional IV - 10
  • Regional V - 5

 

A análise da Pasta no boletim mais recente informa que a média móvel de óbitos dos últimos sete dias foi de menos de um óbito (0,1), “pela primeira vez” tendendo a zero, “reforçando o período de baixa morbimortalidade”.

Segundo a SMS, o cenário atual com poucas mortes é semelhante ao que foi observado em agosto de 2020, reflexo do fim de um ciclo epidêmico, mas agora potencializado “pela vacinação de um grande contingente populacional”. 

O médico emergencista Khalil Feitosa compartilha a percepção de menor gravidade do período atual.

“Apesar de a transmissão estar acontecendo, não temos tido impacto ainda sobre a rede de saúde e sobre o departamento de emergência, que é um grande termômetro do que vai acontecer no sistema de saúde como um todo nos próximos dias”, explica.

Fatalidades em queda

A análise espacial dos bairros também revela pontos de calor formados por menos óbitos, embora permaneçam desde abril concentrados em bairros das regionais I, II e III e IV. A zona leste da cidade, com mais bairros da Regional VI, não apresenta aglomerados de óbitos relevantes.

Desde o início da pandemia, em março de 2020, até 15 de outubro de 2021, a SMS registrou 9.709 mortes por Covid-19 na cidade. Após um novo pico em março e abril deste ano, em maio, inicia-se uma diminuição das fatalidades diárias que perdura até hoje, “caracterizando um longo platô”.

No acumulado geral da pandemia, os bairros de Fortaleza com mais mortes pela doença pandêmica foram:

  1. Mondubim - 242
  2. Prefeito José Walter - 234
  3. Barra do Ceará - 230
  4. Vila Velha - 216
  5. Meireles - 216
  6. Aldeota - 213

Vigilância continuada

Atualmente, o cenário é de baixa transmissão: a cada 100 testes diagnósticos, apenas dois dão positivo. Contudo, a Secretaria defende que a incidência deve continuar sendo rigorosamente monitorada.

“Apesar da diminuição muito significativa dos casos novos, cabe ressaltar que ainda há transmissão (baixa) comunitária da doença, e houve introdução da variante Delta”, ressalta.