Desde março de 2020 até a última quinta-feira (28), 525 morreram em suas casas, no Ceará, vítimas da Covid-19. Uma evolução de quatro óbitos em março, para 41 no dia 30 de abril, e 290 em 31 de maio, mês com maior número de registros deste tipo. Os dados foram levantados neste sábado (30) na plataforma IntegraSUS, atualizada pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). O total correspondendo a 5% das mortes no Estado, que já ultrapassam as 10 mil.
Embora ainda existam leitos disponíveis nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) do Estado, as pessoas continuam morrendo em seus lares. Segundo Luciano Pamplona, Epidemiologista e Professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), existem diversas motivações para as pessoas morrerem em casa que independemente de ser por Covid-19 ou não.
“Muitas vezes, a população, principalmente a população mais idosa, permanece em casa, fazendo cuidados paliativos. Em algumas situações, os cuidadores sabem que o idoso não tem mais condição de se expor a um hospital, seja por motivações físicos ou emocionais, por isso é optado pela permanência em casa”, explica.
Mas, segundo o epidemiologista, existem pessoas que negligenciam o atendimento. “Acreditam que vão ficar bem, ficam em casa e acabam evoluindo para óbito domiciliar”, diz. É importante observar, destaca o médico, que a vigilância sobre os óbitos domiciliares aumentou. De acordo com Pamplona, as pessoas que morrem em casa estão sendo testadas para Covid-19 em suas residências.
Medo de buscar ajuda
Caroline Gurgel, Epidemiologista da Faculdade de Medicina da UFC, afirma que outra explicação para as mortes domiciliares é as pessoas pensarem que seus sintomas advêm de outras doenças e, ao buscarem ajuda, poderão ser contaminadas pelo vírus. “Então, elas ficam postergando o atendimento até que chega no momento em que elas ficam num quadro irreversível e acabam indo a óbito”, pondera.
Deve-se buscar socorro logo que surgirem os sintomas
Por isso, os médicos enfatizam a necessidade de se buscar as Unidades de Saúde, independentemente do quadro ser grave ou não. De acordo com Luciano Pamplona, o momento adequado para as pessoas buscarem socorro é o do surgimento dos sintomas.
“Qualquer pessoa sintomática não pode se automedicar, não pode se pensar que tá bem! Ela tem que buscar assistência médica. Essa é a orientação que devemos dar as pessoas, quaisquer sinais e sintomas de qualquer doença, é importante que as pessoas busquem dispensa médica”, explica.