20% dos cearenses praticam exercícios físicos todos os dias

Pesquisa realizada pelo Instituto Opnus revela que a caminhada é a atividade física mais praticada no Estado, realizada por 53% das pessoas entrevistadas. Outras 49%, no entanto, reconheceram não fazer qualquer tipo de exercício

O despertar para uma vida saudável do servidor público José Frederico Aquino, 58, veio com o resultado de exames de sangue, que apontaram taxas elevadas de colesterol. Hoje, passados cerca de 12 anos de dedicação às corridas de rua, o então maratonista faz parte dos 20% da população cearense que praticam exercícios físicos todos ou quase todos os dias. O dado integra a pesquisa "Saúde, Alimentação e Atividades Físicas", feita pelo Instituto Opnus e divulgada com exclusividade pelo Sistema Verdes Mares.

Se levada em consideração a prática de atividades de uma a quatro vezes por semana, segundo o levantamento, o resultado cresce para 23%, mas cai para 8% quando a frequência é de menos de uma vez a cada sete dias. Para os resultados, 2.050 pessoas foram ouvidas em todo o Estado em julho deste ano, abrangendo a população de 16 anos ou mais de idade.

Chama atenção, no entanto, que quase metade dos cearenses (49%) afirmou não ter qualquer hábito de fazer exercícios ou atividades físicas. Entre os idosos, esse número é ainda maior, de 61%. Já entre os mais jovens, de 16 a 24 anos, apenas 34% disseram não fazer nenhuma atividade. "Eu era sedentário. Depois dos exames procurei uma nutricionista para me alimentar melhor, passei a ir todo dia para a academia e foi lá que as corridas me foram apresentadas", afirma Frederico.

Para o servidor público, que já participou de maratonas nas cidades do Rio de Janeiro, Berlim e Tóquio, a atividade adotada traz benefícios que vão muito além do esperado. "A gente começa buscando saúde, mas acaba ganhando mais coisa. Hoje eu tenho mais disposição no meu dia, me sinto mais focado, organizado e meu percentual de gordura caiu. A corrida hoje pra mim é um vício do bem. Sem falar do lado social que ela proporciona", diz.

O estudo revela, também, que a caminhada é a atividade física mais praticada pelos cearenses, chegando a 53% dos entrevistados. Em segundo lugar aparecem os esportes no geral, realizados por 21% das pessoas no Estado, seguido da musculação e demais atividades feitas em academia, abrangendo 20% do público.

A falta de tempo foi o principal motivo apontado pelos cearenses que não praticam atividades físicas, 42% do total. Já 26% dos entrevistados disseram ter preguiça e 10% afirmaram estar impossibilitados por condições de saúde. Outros 6% disseram não gostar de exercícios.

Alternativa

Foi durante o Ensino Médio que a universitária Thais Torquato Memória, 23, encontrou, na prática de yoga, a alternativa para reduzir a ansiedade e o estresse causados pela pressão do vestibular. Comprovados os benefícios na época, a jovem decidiu manter a atividade até os dias de hoje, realizada pelo menos duas vezes por semana.

"Pra mim é um exercício completo. Ela não só me traz o bem-estar corporal por se praticar uma atividade física, mas também benefícios psicológicos. Ela me acalma. Algumas posições associadas a respirações me ajudam em diversas coisas. Por exemplo, dão uma acelerada no intestino. Outras descongestionam o meu nariz, e para quem sempre teve muitas alergias como eu, é muito bom", diz.

Segundo Thais, ainda hoje os exercícios realizados servem como válvula de escape para situações estressantes do dia a dia, devendo manter essa atividade por toda a vida. "Pretendo fazer para sempre. Como é um exercício que trabalha todos os músculos do corpo, ele trabalha não só a resistência física, mas também a força e o equilíbrio. Os músculos das pessoas que praticam yoga são os mais fortes e resistentes, e isso para o meu envelhecimento vai ser muito bom, porque vou ter uma proteção maior", destaca a estudante.

Os riscos inerentes ao sedentarismo são, especialmente, as doenças cardíacas. Mas, segundo aponta o médico ortopedista Rodrigo Astolfi, estudos já apontam o surgimento de tipos de cânceres associados a ausência total de atividades físicas. "Quando você é sedentário, você tem uma microbiota intestinal diferente de quem faz atividades físicas, e essa microbiota é um fator protetor para alguns tipos de cânceres", explica.

Embora pareça pouco, realizar alguma atividade física de meia hora por semana, conforme Astolfi, já reduz o risco de doenças cardíacas em 40%. Se a frequência passar para três vezes por semana - considerado o ideal - a redução chega a 70%, destaca.

O especialista reforça, ainda, a importância de incorporar a atividade física à própria rotina, especialmente por parte das pessoas que não dispõem de tempo exclusivo para exercícios. "Então ao invés de subir de elevador, sobe de escada. Em vez de descer no seu ponto de ônibus, desce uma parada antes e vai caminhando. Incorpore na rotina alguns minutos (de exercício) porque esse somatório semanal vai importar para a saúde", afirma.

Resultados

O levantamento mostra, também, outros hábitos dos cearenses, como os tipos de alimentos consumidos, assim como dados de ingestão de bebida alcoólica e cigarros.

Para o diretor do Instituto Opnus - responsável pela pesquisa - Pedro Barbosa, o objetivo foi investigar como o cearense se comporta em relação à sua saúde, assim como promover uma conscientização a partir dos resultados obtidos.

"A partir do momento em que as pessoas veem esse resultado, elas mesmas passarão a se questionar. Desperta para si uma discussão e uma conscientização maior sobre os hábitos de alimentação e atividades físicas", comenta.