Motivos do aceite, DNA ofensivo e retomada de carreira: a 1ª entrevista de Enderson no Fortaleza

No primeiro dia de clube, o treinador concedeu entrevista e falou sobre vários aspectos

Em um primeiro dia movimentado, o técnico Enderson Moreira concedeu a primeira entrevista coletiva como técnico do Fortaleza. Entre vários assuntos, o comandante leonino falou sobre os motivos que o levaram a aceitar a proposta do clube, as ideias de jogo que pretende implementar e afirmou que, após comandar três clubes sem sucesso em 2020, esta é uma grande chance para sua retomada de carreira.

VEJA OS PRINCIPAIS PONTOS DA ENTREVISTA DE ENDERSON MOREIRA

Nas últimas temporadas, você aceitou propostas para comandar clubes com competições em andamento. Incomoda ser lembrado em momentos como este?

Não incomoda. A gente sabe que as trocas irão acontecer em algum momento, e geralmente, em momentos ruins. A gente sabe das dificuldades e eu posso falar que a sequência do trabalho, com tempo, é onde consiga mostrar de maneira muito mais marcante o que eu penso sobre futebol. Mas isso não me incomoda, porque é uma situação que acontece muito e já passei por várias vezes. O que a gente tem que saber nesses momentos que a gente tá mais pressionado é que a gente tenha tranquilidade para tomar as decisões corretas e tirar o máximo desses atletas para fazer com que eles recuperem rapidamente a confiança, e que possamos conquistar o objetivo, principal meta nesse momento.

O que lhe motivou a vir para o Fortaleza?

O Fortaleza é um clube que acompanhei de perto em 2019 e um pouco em 2020, por estar rivalizando, e verifiquei muito o crescimento. Eu brinquei com os atletas que sempre foi uma equipe extremamente difícil de ser desafiada, jogar contra, e me passou uma sensação muito boa. Dos atletas, comprometimento, empenho de todos. Isso a gente avalia quando vai para um clube. O nível de comprometimento, o que essa equipe já produziu, a estrutura, que eu acho fundamental. É um dos grandes clubes que sempre coloquei como possibilidade. É bem estruturado. O Fortaleza oferece todas as condições e fiquei extremamente empolgado com tudo que foi feito nesses últimos anos. Isso tudo conta muito.

O ataque tem sido a maior fragilidade nos últimos jogos. Quais suas ideias para corrigir isso?

Eu tenho uma forma muito clara de pensar o jogo. Claro que tenho entendimento que nem tudo vou conseguir colocar nesse período. São 10 jogos em que precisamos tirar o máximo, colocando algumas coisas que são necessárias. Aprimorar mesmo, só com o tempo, que o atleta vai conhecendo melhor a forma de jogar. Mas alguns ajustes podem ser muito significativos e é em cima disso que a gente tá trabalhando. Pequenos encaixes, ajustes, para que a equipe possa voltar a fazer os gols.

O fator de pegar um grupo que atua junto há dois anos, ajuda na adaptação?

Claro, é um fator importante e que conta muito. São jogadores que já se conhecem bem, viveram momentos de conquistas, com títulos, e a gente precisa retomar esse momento de vitórias, grandes jogos, equipe que tenha ofensividade como DNA. Isso conta muito.

Como você encara a falta de tempo para implementar o trabalho?

A falta de tempo, infelizmente, é uma característica do nosso futebol. A gente sabe que, para se ter mais tempo, precisa de resultado. É muito complicado ter uma sequência sem resultado. É dar um passo de cada vez. Eu não quero chegar hoje e mudar tudo. Não é esse o caminho. Tem que ser uma coisa gradativa. A gente vai colocando uma ideia, implementando, eles vão compreendendo, e fazer com que eles possam dar um passo de cada vez.

Ter trabalhado com outros atletas do elenco facilita?

O fato de ter trabalhado com outros atletas claro que facilita. Eu queria até falar uma coisa interessante. Eu fui informado que muita gente falou que eu não gosto do Juninho, e é engraçada uma situação dessas. Porque eu não cheguei a trabalhar com o Juninho em momento algum. Não tenho nenhum atrito, nenhum problema, de forma alguma. É um jogador que eu admiro, gosto, acompanho ele desde a época do Macaé. Jogador que fazia muitos gols de fora da área, a gente nunca teve nada, está esperando o retorno dele da Covid para que possa retornar e nos ajudar, como tem ajudado o Fortaleza durante todo esse período.

Como motivar o elenco neste momento difícil?

Quando os resultados não aparecem, perde-se um pouco da confiança. O papel que a gente tem é passar tranquilidade pra eles para que possam voltar a executar como faziam antes, quando a situação estava mais tranquila, sem tanta tensão. E o jogador faz com naturalidade o que está acostumado. Temos que fazer com que eles possam readquirir essa confiança e o resultado positivo pode ser esse divisor de águas.

Quais os principais erros e como colocar em prática o modelo de jogo?

Preciso pegar todas as informações possíveis, não só com vídeos dos jogos, mas também buscando isso nas conversas, com a comissão técnica, para identificar algum detalhe que possa atacar de maneira mais firme. Tive uma conversa com os atleta de maneira muito tranquila. É muito importante que a gente possa conquistar bons resultados. É um esforço enorme de todos nós para nos sacrificarmos cada vez mais e entregar o que o clube merece.

Após um ano diferente como 2020, você chega agora ao quarto clube em menos de 12 meses. Assumir o Fortaleza agora é também uma oportunidade pessoal para você como retomada de carreira?

Claro, a gente pensa muito isso. Em 2020, eu tive algumas decisões que a gente toma porque precisa. Somos profissionais e sempre fazemos o que estava em contrato pudesse ser cumprido. Foi um ano difícil para todos, que nos fortalece como seres humanos, que cria uma casca em todos. Tivemos que nos reinventar. Foi desafiador, mas a gente sai de 2020 mais preparado, é nisso que eu confio.