Peça fundamental no rendimento do time em campo, a nutrição do elenco alvinegro é vista como um trunfo do Ceará para a reta final da Série B de 2024. O setor é um dos braços do Centro de Saúde e Performance (Cesp) que atua no aprimoramento físico e rendimento dos jogadores nas partidas e, para isso, desenvolve rotina alimentar e com adição de suplementos junto aos atletas comandados por Léo Condé.
ASSISTA O CEARÁCAST
Em entrevista ao Cearácast, os nutricionistas Camila Mazetto e Walter Vasconcelos destacaram o papel do setor em meio ao Centro de Saúde e Performance (Cesp) de Porangabuçu. No clube desde 2016, os profissionais avaliam a evolução da nutrição na rotina do Ceará.
"A importância da nutrição tem crescido nos últimos anos e hoje faz parte da equipe de performance. Inicialmente, a nutrição era mais para controle de qualidade que acontecia em muitas situações de distúrbio gastrointestinal em dia de jogo quando os atletas viajavam. Ao longo do caminho, os clubes foram percebendo o quanto a alimentação, a suplementação e a hidratação, que fazem parte da nossa rotina, elas podem auxiliar no desempenho do atleta, isso é visível e a gente tem maneiras de avaliar isso", observa Camila Mazetto.
DIA DE JOGO
O elenco do Ceará tem toda uma rotina alimentar passada pela equipe de nutrição do clube. A preparação para um jogo começa bem antes do duelo e isso requer disposição dos atletas em aderir a um cardápio mais saudável e que traga frutos, fisicamente, no campo. Ao explicar a relevância dos sais, Camila Mazetto detalha os principais sais que um jogador precisa ser abastecido durante os 90 minutos.
"O carboidrato é a principal fonte de energia intramuscular e energia rápida que vai auxiliar na explosão, concentração, força, potência e tem todo esse processo de reabastecimento de carboidrato que a gente procura fazer semanalmente, mas a gente foca muito nas 24 horas antes do jogo e aí tem esses produtos que nos auxiliam, que é o carbogel, a gominha em gel, que vai muito da palatabilidade de cada um, de como se sente mais confortável"
Na explicação dos nutricionistas, a “gominha” nada mais é que uma "jujuba", que concentra carboidrato e os sais necessários, como potássio, magnésio e sódio, que são colocados para hidratação dos atletas durante um jogo.
RENDIMENTO COM SUPLEMENTAÇÃO
Em meio a confrontos decisivos na Série B, o desenvolvimento de métodos para reduzir o desgaste muscular dos jogadores nas partidas tem uma relevância ainda maior. Walter Vasconcelos pontua os suplementos que são repassados para o elenco alvinegro no dia a dia.
"Toda suplementação que a gente faz com os atletas é de forma individualizada. Tem jogadores que tem algumas questões em relação a intolerância à lactose, a gente não pode usar produtos lácteos, tipo whey protein, aí utilizamos versões alternativas. A quantidade de carboidrato, tanto pré-jogo, como também no pós-jogo, varia de conforme peso, posição do atleta e nível de desgaste", destaca o profissional da nutrição.
No clube desde 2016, Walter Vasconcelos passou do estágio para integrante permanente do time profissional do vovô. Em meio a rotina do plantel do Ceará está a preocupação com a hidratação de cada jogador durante uma partida.
"A gente tem a suplementação de treino que tem isotônico, carboidrato, 'balinha', gel e suplementação de pós-treino. No intervalo dos jogos, a gente reforça hidratação e eletrólitos, porque o que o atleta vai usar na atividade, no jogo ou no treino, vai ser o glicogênio muscular, utilizado para energia. Então, a gente usa algumas cargas de carboidrato durante esse processo. Por exemplo, durante o jogo, parou para bater uma falta, reúne o time e os atletas tomam isotônico ou água, porque isso vai ajudar essas recargas de energia, de carboidrato, que na recuperação dele pós-jogo é essencial", aponta o nutricionista.
CÃIBRA É FALTA DE BANANA?
Quando um atleta se queixa de cãibra no meio da partida, o primeiro pensamento de parte do público é "isso é falta de potássio, faltou banana". Apesar de ser um fator relevante, o problema pode ter outras abordagens e causas, é o que explica Camila Mazetto.
"Pode até ser [falta de potássio], só que hoje, em um clube grande, a gente tem todos os recursos para que isso não aconteça. Então a cãibra acontece por vários fatores, pode ser falta de algum sal, que foi perdido com o suor, pode ser falta de carboidrato, se o atleta não tiver consumido a quantidade necessária. Mas um dos grandes fatores que às vezes as pessoas não mensuram, porque não tem o conhecimento daqueles dados, é a questão do volume, que a gente fala da intensidade, quando o atleta foi além do que era o que ele realmente fazia", ressalta Mazetto.
Para exemplificar outra situação, Camila Mazetto, que lidera a equipe de nutrição do clube de Porangabuçu, aponta outra causa que pode acarretar o desconforto do jogador no meio de um jogo.
"O atleta que vem de muito tempo parado, sem entrar em jogo, tem uma chance maior de sentir cãibra, porque ele vai estar colocando uma carga maior do dia a dia que, obviamente, mesmo um treino muito forte, nunca vai ser comparado ao jogo. A gente acaba percebendo isso também que ele exige um período de adaptação e, às vezes, o atleta tem que entrar no começo do jogo e hoje em dia são mais de 90 minutos. É um desgaste muito grande para o corpo, que mesmo com todo esse respaldo de profissionais para avaliar, para acompanhar, para não deixar faltar nada, às vezes acontece por essas e outras questões", detalha.
DEPARTAMENTO MÉDICO DO VOVÔ
O Centro de Saúde e Performance (Cesp) do Ceará conta com um corpo funcional de diversas áreas, com atuação que vai da nutrição, definição de alimentação do elenco, até no acompanhamento de exames e cargas nos exercícios de cada atleta com a fisiologia. Com reuniões semanais, o grupo de profissionais do clube tenta reduzir lesões e busca o aprimoramento da parte técnica e física do plantel alvinegro.