Jogadoras brasileiras tentam fugir da guerra na Ucrânia de trem: 'é desesperador tudo isso'

O grupo conseguiu embarcar nesta sexta-feira (4) para a Polônia

Desde que a ofensiva militar russa invadiu a Ucrânia, as jogadoras brasileiras Lidiane Oliveira, Kedma Laryssa e Gabriela Zidoi querem deixar o país, mas não conseguiam. Elas são atletas do Kryvbas Women, time da cidade de Kryvyi Rih, no sudoeste do país e a 400km da capital Kiev, e conseguiram embarcar nesta sexta-feira (4) em um trem lotado para Lviv, cidade a duas horas de carro da fronteira com a Polônia e por onde outros brasileiros também têm feito a travessia.

"São muitas pessoas tentando sair, crianças e mulheres. É desesperador tudo isso. Pessoas que têm que largar tudo e recomeçar em outro lugar pois não sabem o dia de amanhã", publicou Lidiane nas redes sociais.

As brasileiras viajaram acompanhadas de outras quatro atletas estrangeiras. Elas estavam abrigadas em um hotel e recebiam orientações sobre como retornar ao Brasil com segurança. Antes da invasão militar russa, Lidiane estava negociando a rescisão de contrato com o clube e tinha voo previsto para retornar a São Paulo, mas não pôde deixar o país por causa da guerra.

"A gente não sabe o que fazer. Vivemos dias e noites de incertezas. O clube não tem deixado faltar nada e diz para a gente permanecer aqui por ser mais seguro e pela região não ter sofrido com muitos ataques", contou Lidiane para a reporagem antes da viagem de trem. Ela chegou à Ucrânia em agosto do ano passado, mas já tinha passagem pelo futebol local.

Saída da Ucrânia

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil anunciou na terça (1º)  que abriu dois postos de atendimento consular para prestar ajuda aos brasileiros que buscam deixar a Ucrânia. Um deles ficará na cidade ucraniana de Lviv, próxima à fronteira com Polônia, que tem sido adotada como rota de fuga; e o outro em Chisinau, capital da Moldávia, para facilitar o suporte a brasileiros.

Muitos atletas brasileiros já conseguiram deixar a Ucrânia, mas outros ainda enfrentam problemas para obter uma rota de fuga segura. Um grupo de brasileiros que joga futsal no país, formado por Cláudio Garcia, Everton Florêncio e Daniel da Rosa, ainda está refugiado em um apartamento em Kherson, cidade tomada pelos russos na quarta (2), e onde atuam pelo clube Prodexim.