A atleta Ingrid Oliveira, da delegação brasileira dos saltos ornamentais nas Olimpíadas de Paris, desabafou nas redes sociais sobre a própria saúde mental na última sexta-feira (9). Chorando, ela relatou que não se sente bem emocionalmente há anos e assumiu ter vivenciado um relacionamento tóxico por um longo período.
Em sua terceira participação olímpica, na segunda-feira (5), a brasileira de 28 anos não conseguiu passar pelas classificatórias e ficou de fora das semifinais.
Ela compartilhou um vídeo gravado há um mês, no início de julho, em que faz uma longa confissão, entendendo que, no meio esportivo, isso pode ser entendido como “fraqueza”.
“Quando a saúde mental não está bem, não é sobre os outros, é sobre a gente. A gente se sente fraco de não conseguir lidar, e tem tanta gente que consegue lidar tão bem com as coisas”, inicia.
"Só eu sei das minhas batalhas e dores, e consegui passar. Talvez não da forma ideal, porque hoje emdia eu estou assim. Na época, parecia a coisa certa e que eu tinha superado. Se você não lida da forma correta, uma hora a conta chega. Há vários anos não me sinto bem psicologicamente, emocionalmente, e fisicamente, com lesões", reforçou a atleta.
Perdas e polêmicas
Ingrid também relembrou a morte da mãe, em 2013. No dia seguinte, ela já estava treinando porque queria se classificar para os Jogos Olímpicos de 2016 - que eram um sonho da mãe.
Naquela edição, ocorrida no Rio de Janeiro, a jovem se viu envolvida em uma polêmica. Ela e o o atleta da canoagem slalom, Pepê Gonçalves, passaram uma noite juntos no quarto que Ingrid dividia com a ex-parceira Giovanna Pedroso, o que foi considerado um incidente indisciplinar grave.
"A maioria das pessoas ficou com raiva de mim, e eu só tinha 19 anos, e não sabia lidar com muita coisa. Tanto que demorei anos para contar o que realmente aconteceu. Tinha muita gente dando pitaco em coisas que não sabiam. Não estou me isentando da responsabilidade, mas sei o que fui fazer na Olimpíada, e não foi aquilo", detalhou Ingrid.
Relação abusiva
A atleta falou ainda do processo até classificação para Tóquio 2020, período em que viveu um relacionamento tóxico, com consequências graves para sua saúde mental.
"Eu era constantemente invalidada e abusada do meu psicológico, do que restou dele. Foi o ano que realmente achei que fosse morrer, e de fato eu queria. Tive muita pressão do meu ex para não externar isso", confessou.
Incentivada por conhecidos a terminar com o então namorado, ela demorou a tomar uma decisão porque havia criado "uma dependência emocional".
“Foram tantas coisas que vivi. Abuso emocional, físico, agressão... na parte esportiva, comecei a ter lesões porque meu corpo começou a reagir. Foi um ano e meio vivendo isso", contou ela.
O namoro só chegou ao fim depois que ela levou um tapa na cara durante a própria festa de aniversário em 2022, na frente de convidados.
Ao fim do relato, ela explicou mais sobre o diagnóstico de depressão após não ficar satisfeita com novas vitórias esportivas desde o fim do namoro.