O ano de 2019 foi inesquecível para o Fortaleza. Em dezembro, a confirmação da melhor campanha do clube na Série A do Campeonato Brasileiro, com a 9ª colocação e a inédita vaga para a Copa Sul-Americana consolidou um trabalho que já começou vencedor. Ainda no início da temporada, dois títulos, um deles marcante e histórico, que hoje completa exatamente um ano. O dia 29 de maio passou a ser mais especial aos leoninos desde 2019. Não é pra menos. Há 365 dias, o Tricolor dominava o Nordeste.
Foi em João Pessoa, capital da Paraíba, que a história foi escrita. Mais precisamente no estádio Almeidão, que é "raiz". Naquela noite de quarta-feira, na vitória por 1 a 0 sobre o Botafogo-PB, o Leão escreveu um dos capítulos mais memoráveis em sua existência, acrescentando à sua galeria uma das mais belas conquistas nos 101 anos.
O feito teve ainda uma pitada de rivalidade, considerando que vencer a Copa do Nordeste, título que o Tricolor não havia vencido jamais, era argumento bastante utilizado pelos torcedores do Ceará.
Foi ainda o êxtase do terceiro título em sete meses. Antes, a Série B do Campeonato Brasileiro e o Campeonato Cearense já indicavam que o trabalho realizado pelo técnico Rogério Ceni e seus comandados era diferenciado.
O próprio treinador, inclusive, falou sobre a conquista à época, que superou as expectativas. "Um título inédito. Quando se fala de uma competição que disputou várias vezes e nunca teve oportunidade nem de chegar à final, muito menos vencer, passa a ter uma importância fundamental. Pra mim, coroa um final de campeonato com um resultado que talvez, antes de começar o ano, não imaginassem que seria possível", disse Ceni, um dia após a conquista do Nordestão.
Trajetória incontestável
A surpresa pode ter vindo pela projeção de antes do campeonato, mas quando a bola rolou, ficou claro que o Fortaleza brigaria pelo troféu. O Tricolor realizou a melhor campanha da Copa do Nordeste. Em 12 jogos, acumulou sete vitórias, quatro empates e somente uma derrota. Foi regular na primeira fase, liderando o Grupo A em sete de oito rodadas, e mostrou efetividade e maturidade no mata-mata.
O Leão do Pici passou pelas fases eliminatórias sem sofrer nenhum gol sequer. Era a demonstração da solidez no sistema defensivo, que foi coroada com a defesa menos vazada da competição, sofrendo somente seis gols em 12 jogos (média de um gol a cada duas partidas).
Além disso, o sistema ofensivo também funcionava. Foram 19 gols marcados, que deixou o time com o ataque mais positivo de toda a competição. O atacante Júnior Santos foi ainda o artilheiro do torneio, ao lado de Gilberto, do Bahia, com oito gols em nove jogos.
Os números não eram por acaso. Refletiam uma equipe organizada, disciplinada taticamente, intensa e muito equilibrada. Com uma defesa sólida e um ataque cirúrgico, a pavimentação até o título foi convincente.
Vitórias soberanas
A superioridade leonina era, de fato, evidente. A campanha absoluta do Fortaleza foi refletida também na decisão. O Tricolor foi soberano nos dois jogos da final e superou o Belo com duas vitórias por 1 a 0. O atacante Wellington Paulista foi o autor do gol da vitória na partida de ida e também no jogo da volta, se tornando "o cara" das finais.
O último triunfo, aliás, foi aberto logo aos três minutos de jogo, jogando um balde de água fria nos ânimos da torcida alvinegra que lotou o Estádio Almeidão, na capital paraibana. O restante da peleja foi de controle e administração, enquanto os donos da casa tentavam sufocar, mas em vão.
Outros personagens também foram marcantes, como o goleiro Marcelo Boeck, os zagueiros Juan Quintero e Roger Carvalho, o lateral-direito Tinga, o volante Felipe, o meia-atacante Edinho e os atacantes Osvaldo e Romarinho. Com exceção de Edinho, todos ainda permanecem no elenco tricolor, que segue forte e unido até hoje, garantindo boas perspectivas aos torcedores que ainda sonham que os feitos de 2019 podem ser repetidos.