O jogador vôlei Douglas Souza usou o Instagram Stories nesta quarta-feira (8) para relatar que sofreu homofobia junto ao namorado, Gabriel Campos, no aeroporto de Amsterdã, na Holanda. O atleta estava a caminho da Itália, onde vai jogar pelo Vibo Valentia.
Ele conta que percebeu o preconceito na hora do controle de passaporte, procedimento padrão de entrevista para entrar em países: "Quando eu falei que o Gabriel era meu namorado, a fisionomia dele [do funcionário] mudou na hora e o tratamento também".
VEJA TRECHO DO RELATO:
Douglas comenta que argumentou que estava em união estável com o namorado, mostrando, inclusive, o papel comprovando. Mas, segundo ele, o funcionário bateu na tecla da viagem de Gabriel, perguntando o que ele faria na Itália e se referindo a ele constantemente como apenas "companheiro" do jogador.
Constrangimento
Após cerca de 6 horas de espera, o atleta da seleção brasileira de vôlei foi chamado para uma entrevista em uma sala, onde novamente foi perguntado sobre o namorado: "Não queriam de jeito nenhum deixar o Gabriel passar".
Nesse momento, eles perguntaram se o clube Vibo Valentia sabia que Douglas estava acompanhado do namorado, ao passo que o jogador respondeu que sim.
Os agentes do aeroporto, que já haviam ligado para o time de vôlei para falar sobre o atleta, ligaram de novo para falar sobre Gabriel. Após isso, Douglas conta que ele foi liberado e encaminhado junto ao namorado para uma sala com mais 18 pessoas.
Aí me liberaram por mais algumas horinhas e eu comecei a perceber um certo padrão no tratamento deles. 18 pessoas eram pretas ou latinas, e nós dois [gays]
15 horas no aeroporto
Souza, que saiu de São Paulo na última segunda-feira (6) e era para chegar em Vibo, na Itália, no dia seguinte, só chegou no destino nesta quarta-feira (8).
Segundo conta, eles passaram 15 horas no aeroporto de Amsterdã, o que era para ser resolvido em, no máximo, três horas. A liberação só aconteceu por volta das 23h na Holanda, quando já não tinham mais voos disponíveis para o país italiano.
"Aconteceu, passou, meu clube não tem nada a ver. Eles ajudaram e minha empresária também. Eu espero que ninguém passe por isso, mas sei que infelizmente vai passar", desabafa.
Preconceito
Nessa terça-feira, Douglas já havia comentado brevemente sobre o assunto, sem entrar em detalhes. Enquanto ainda estava no aeroporto, durante as horas que ficou impossibilitado de viajar, ele disparou: "Hoje é um dos piores dias da minha vida. Foi horrível. Está sendo horrível".
O atleta definiu o momento como "puro preconceito e homofobia".
Foi uma situação muito estranha, muito difícil, porque a gente se sente fragilizado nessa situação, porque não pode fazer nada
"Era contra a polícia, então se a gente falasse alguma coisa, se se exaltasse poderia ter dado problema para a gente. Se eu não tivesse vindo a trabalho, se fosse turismo, com certeza nem estaria aqui, teria voltado para casa", conta.