Com superávits históricos, Ceará e Fortaleza têm recordes financeiros

No exercício de 2019, os dois principais clubes cearenses tiveram as maiores receitas de suas histórias e apresentaram superávits bastante positivos, demonstrando equilíbrio nas duas gestões

Tanto Ceará quanto Fortaleza alcançaram seus principais objetivos em 2019: a permanência na Série A do Campeonato Brasileiro. Foi com trajetórias distintas, é verdade. O Tricolor teve caminho mais tranquilo, e o Alvinegro lutou contra o rebaixamento até a última rodada. Mas ambos conseguiram a manutenção. Mais que isso, os dois podem celebrar os resultados econômicos que obtiveram no exercício do último ano, já que ambos registraram recordes financeiros no exercício de 2019.

O Fortaleza foi o primeiro a divulgar o balanço, o que ocorreu no dia 17 deste mês. Na ocasião, foi possível perceber que o Tricolor registrou o maior superávit em seus 101 anos de existência. Entre o período de 1º de janeiro e 31 de dezembro da última temporada, o resultado positivo foi de R$ 3,44 mihões.

O Leão do Pici teve receita operacional bruta de R$ 120,49 milhões (mais que o dobro de 2018, que foi de R$ 51,62 milhões). Em seis anos, o Fortaleza aumentou o faturamento em praticamente 1000%, já que em 2014 faturou R$ 12,38 milhões.

Em 2019, o total de despesas ficou em R$ 117,04 milhões sendo R$ 105,15 milhões em custos operacionais e R$ 11,89 milhões de impostos.

Algo ainda mais impactante é o ineditismo do feito. Desde 2014, somente uma vez o clube havia registrado superávit (em 2016, de R$ 325,84 mil). Em 2018, mesmo sendo campeão da Série B do Campeonato Brasileiro, o Leão do Pici fechou o ano com déficit de R$ -1,5 milhão.

Alvinegro crescente

O Ceará divulgou informações do seu balanço financeiro na última terça-feira (28). Na ocasião, o clube apontou os principais dados referentes ao exercício de 2019, mas ainda sem muitos detalhes. Mesmo assim, já é possível perceber, de forma clara, que a crescente econômica do clube segue de forma sólida. O Alvinegro de Porangabuçu registrou o maior superávit de sua história, com R$ 5,76 milhões.

O levantamento apontou uma receita operacional líquida da ordem de R$ 98,07 milhões (bem superior aos R$ 64,78 milhões de 2018) e com um crescimento de 453% em relação a 2014, quando teve faturamento de R$ 21,61 milhões.

Os custos e despesas do clube atingiram o montante de R$ 90,66 milhões valor que representou 92% do valor total da receita.

No caso do Vovô, o que merece destaque é a solidez com que vem crescendo. Foi o quinto ano seguido que o clube registrou superávit, com o detalhe que, em 2019, foi o maior de todos. Em nota, o clube informou que o superávit “foi investido quase que de maneira integral, ao longo do ano, nas categorias de base, aquisição de direitos econômicos de atletas, na infraestrutura do clube e, principalmente, na redução de passivos existentes”.

Patrimônio/Passivo

No exercício de 2019, tanto Ceará como Fortaleza apresentaram bons números. Mas no quesito patrimônio líquido, o Vovô leva vantagem em relação ao Leão do Pici. O Vovô registrou patrimônio de R$ 6,58 milhões que é também o maior de sua história. Foi a segunda vez seguida que o clube registrou patrimônio positivo. Em 2018, apresentou R$ 815,69 mil no quesito.

Na prática, representa que o Ceará, hoje, tem mais ativos que passivos. Na linguagem da contabilidade, é considerada uma empresa solvente, que tem condições de honrar com todas suas obrigações e de quebra permanecer com certa reserva de patrimônio.

Neste quesito, o Fortaleza registrou passivo a descoberto, que é quando a soma dos saldos das contas do passivo é maior que a soma dos saldos das contas do ativo.

O passivo a descoberto do Tricolor é de R$ 14,09 milhões. Este valor, porém, existe pelo histórico acumulado e reflete a conta pelos anos seguidos que o clube passou na Série C do Campeonato Brasileiro. O valor já foi superior. Em 2018, era de R$ 17,53 milhões.

Um ponto primordial a se considerar aqui é referente aos centros de treinamento. O Ceará adquiriu e é dono do próprio CT Cidade Vozão, em Itaitinga, e o tem como patrimônio.

Já no caso do Fortaleza, o CT Ribamar Bezerra é um projeto liderado pelo Ifec (Instituto Fortaleza Esporte e Cultura), que tem à frente o ex-presidente do clube, Ribamar Bezerra, e tem como intuito disponibilizar a estrutura moderna para o Tricolor.

Impactos da Covid-19

Os clubes cearenses colhem frutos das gestões equilibradas, responsáveis e profissionais que possuem atualmente. Sob comando de Marcelo Paz e Robinson de Castro, Fortaleza e Ceará, respectivamente, possuem uma condição mais estável para sobreviver a crises, como a enfrentada agora, por conta da pandemia do novo coronavírus. “Os resultados são muito satisfatórios. Tanto Ceará como Fortaleza demonstraram grande crescimento de receitas e equilíbrio financeiro. A gente vê os dois clubes mais bem posicionados no cenário nacional. Agora, os dois serão impactados pelo coronavírus, mas acredito que, pela condição de ambos, serão menos impactados que a média. São clubes que têm uma estratégia de crescimento no longo prazo”, ressalta Fernando Ferreira, dono da empresa Pluri Consultoria, especialista em Consultoria em Gestão, Governança, Finanças e Marketing Esportivo.

“Se os clubes mantiverem essa trajetória, estão seguindo na direção para rumo dos 12 grandes do futebol brasileiro. Assim como o Bahia, Ceará e Fortaleza se juntam ao grupo de times emergentes que, de três a cinco anos, podem estar numa condição de receita o dobro das que têm hoje”, complementa o especialista.