Na manchete desta quinta-feira (15), o jornal argentino Diário Olé lembrou no trocadilho: "Que no mata, Fortaleza!". Em bom espanhol porque veio dos pés de um venezuelano o gol de empate do Tricolor do Pici na Bombonera. "O que não mata, Fortaleza!". Em bom português, porque um time cearense, recheado de tantos sotaques, fez história mais uma vez no futebol sul-americano ao empatar, nos minutos finais, com o gigante Boca Juniors numa Bombonera lotada.
O Tricolor do Pici fez um jogo apático. Nem parecia aquele Fortaleza da primeira partida. Sequer chegou ao ataque, mas se defendeu como pôde. João Ricardo sempre firme, foi o que mais trabalhou no lado do Fortaleza. O Boca Juniors pressionava, tinha a torcida a favor, a volta de Cavani e vinha de sete vitórias seguidas em casa.
Veja os melhores momentos do jogo
O time xeneize se impôs, mandou na partida. Mas viu um Tricolor resistente no setor defensivo. O camisa 10 do adversário abriu o placar no segundo tempo, sozinho, sem marcação. E o Boca podia ter feito muito mais. Apostou nas bolas aéreas, uma das fragilidades do Leão. Juan Pablo Vojvoda precisou mudar. O Tricolor precisava apresentar algo diferente para chegar ao empate.
Então, Vojvoda trocou Machuca por Marinho, e Yago Pikachu por Moisés. O time ganhou certo fôlego, mas ainda faltava criatividade no ataque ainda tão apagado na partida. Mais da metade do segundo tempo e o Fortaleza sequer tinha feito as mãos de Romero suarem. Nova mudança. Veio Kervin no lugar de Pedro Augusto.
Brilho de um garoto
O garoto, destaque na base do Tricolor, entrou aos 30 minutos para mudar a história da partida. Aos 45 minutos do segundo tempo, o camisa 77 empatou o jogo. Marinho levantou a bola na área, Moisés deu um leve toque e deixou Kervin na cara do gol para deixar tudo igual na disputa. Balançou as redes de um goleiro de Copa do Mundo. Um menino de 19 anos.
O 1 a 1 transformou a superioridade coletiva adversária em um grito de alívio tricolor. Longe do Fortaleza possível em campo, mas perto do objetivo: segurou a liderança do Grupo D e garantiu classificação para a próxima fase. Vai depender apenas de si para selar a vaga direta nas oitavas diante do Sportivo Trinidense. Vitória com o dedo do técnico, sim. Mas vitória também de um grupo que também sabe se reconstruir e tem em Kervin um referencial de ousadia e senso de oportunidade.