Devido à seca, seis rios da Amazônia atingem recordes históricos de baixa

Segundo especialistas, não existe previsão de melhora nos níveis da água

O nível da água em, pelo menos, cinco rios amazônicos atingiu baixa histórica neste mês de setembro. É o que aponta o 37º Boletim de Alerta Hidrológico, publicado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) na sexta-feira (13). 

A seca extrema tem castigado a Amazônia e impactado nas bacias hidrográficas da região. Em algumas, o nível da água chega a descer 24 centímetros por dia. 

O boletim acompanha o nível das bacias hidrográficas dos seguintes rios:

  • Rio Branco
  • Rio Negro
  • Rio Solimões
  • Rio Purus/Acre
  • Rio Madeira
  • Rio Amazonas.

Baixa história

Um dos maiores afluentes, o rio Madeira atingiu a menor marca desde 1967, chegando a 41 centímetros às 12 horas deste sábado (14). 

O ano de 1967 também serve de referência para a baixa história do Rio Amazonas na cidade de Óbidos, no Pará. O nível chegou a 1,17 metros, o menor registrado para essa data desde 1967.

Já o nível do rio Xingu está entre os 10 menores registrados desde 1977: 3,37 metros. 

O rio Acre registrou, em Rio Branco, a segunda menor cota da história com 1,28 metros. A marca ficou atrás apenas da registrada em 2022, que foi de 1,24 m. 

O rio Solimões atingiu baixas históricas em duas cidades: Itapéua (AM) e Fonte Boa (AM). Na primeira, o nível está em 2,3 metros — 3ª menor cota registrada na história. Na segunda, o nível esta em 10,16 metros, a 8ª mais baixa da história. 

O nível do rio Negro desce 24 centímetros por dia. Em Manaus, ele atingiu 16,75 metros — quase 3,7 metros abaixo da normalidade para esse período. 

Sem melhoria a curto prazo

Em entrevista ao UOL, o gerente de Hidrologia da Superintendência Regional de Manaus do SGB, Andre Martinelli, "não há projeções de melhoria a curto prazo". 

A opinião é compartilhada pela meteorologista da Climatempo Andrea Ramos. Ela explica que a Amazônia está no período de estiagem, o que seria um período menos chuvoso por si só — mas que, em 2024, está ainda pior. 

"Na região Norte, a gente não tem estações definidas, mas, sim, um período chuvoso e outro menos chuvoso. O problema é que tanto no período chuvoso, que sempre chove, não choveu tanto. E agora, que seria o período menos chuvoso, menos ainda. Então, é esse o reflexo", disse.