No primeiro episódio da nova temporada de "Linha Direta", o jornalista Pedro Bial conversou com pessoas que viveram os momentos de tensão do sequestro da jovem Eloá — vítima do ex-namorado. No programa, o apresentador entrevistou o promotor Antonio Nobre Folgado, responsável pelo caso na época.
Antônio Nobre falou dos erros ocorrido na negociação. Um deles, foi a transmissão ao vivo da conversa de "uma apresentadora de TV" com o sequestrador.
Sem citar o nome do programa de TV ou o da comunicadora que conversou com Lindemberg Alves, o promotor detalhou que o programa ao vivo interrompeu um acordo de rendição feito entre a polícia, o irmão de Eloá e o sequestrador.
"A invasão teria que ser feita bem antes aproveitando-se um período de desando dele, o que não aconteceu. A par disso temos a imprensa que, por incrível que pareça, chegou um momento em que uma apresentadora de televisão se colocou na posição de negociadora e ela começou a negociar interrompendo a negociação da polícia", explicou o promotor.
Na época, a apresentadora Sônia Abrão entrevistou ao vivo, por telefone, o sequestrador Lindemberg Alves no programa "A Tarde É Sua". Além dela, a apresentadora Ana Hickmann também chegou a pedir um aceno pela janela das pessoas que estavam no apartamento com o sequestrador
Em seguida, Antonio Nobre explicou ao jornalista Pedro Bial como se deu o acordo entre as partes: "Não sei se você sabe, mas nesse dia, no dia 15, a tarde, havia um acordo feito entre o capitão do Gate, o irmão da Eloá, o Douglas, e o próprio Lindenberg para ele se render".
Programa ao vivo prolongou sequestro
O promotor Antonio Nobre Folgado declarou ainda o fato do programa ter aumentado a duração do sequestro. Lindenberg acompanhou a transmissão dentro do apartamento onde mantinha Eloá refém.
"Pouco tempo depois, entra essa apresentadora e tenta resolver ela própria a situação. O Lindenberg perceber que está ao vivo para o Brasil inteiro e ele resolve prolongar essa situação porque era o centro das atenções, e esse acordo foi rompido. Então, interrompeu, prejudicou a polícia".
O promotor ainda citou que a polícia errou em diferentes pontos no resgate de Eloá. "Foi um caso inédito e cheio de erros. O principal erro deles foi o retorno da Nayara. Outro ponto que aponto como erro foi o excessivo tempo dado ao Linderberg, a polícia foi muito benevolente com ele nas negociações".
O caso
Eloá Pimentel, 15, foi rendida pelo ex-namorado no dia 13 de outubro de 2008 e mantida em cárcere privado por mais de 100 horas no apartamento em que morava, em um conjunto habitacional de Santo André, na Grande São Paulo.
Na ocasião, a adolescente estava em companhia de três amigos - dois garotos liberados no mesmo dia e de Nayara - também com 15 anos - que, apesar de ter sido libertada 33 horas depois, retornou ao apartamento no dia 16 de outubro.