Após 20 anos do desaparecimento da filha Priscila Belfort, a mãe dela, Jovita Belfort, mantém a esperança de encontrar a familiar, que é irmã do lutador de MMA Vitor Belfort. O sumiço da jovem, registrado no início de 2004, quando ela tinha 29 anos, é tema da série documental "Volta Priscila", que estreia na próxima quarta-feira (25), no streaming Disney+.
"A esperança de toda mãe é encontrar seu filho com vida. A dona Ivanise [fundadora do Mães da Sé], de 15 em 15 dias está nas escadarias da Igreja da Sé com as fotos de desaparecidos. A foto da Priscila sempre está lá", disse a matriarca à imprensa, conforme a coluna Splash, do portal Uol.
"Todos nós temos esperança, porque até hoje ninguém me deu o corpo da Priscila."
Ao todo, a produção do documentário durou quatro anos. Neste período, Jovita conta que adoeceu, mas disse não se arrepender. "Acho que [produzir o documentário] valeu a pena. E vendo então, depois, mais ainda, por vocês poderem conhecer a verdadeira Priscila. A irmã, a filha, a sobrinha. Então valeu o sofrimento".
O principal objetivo da obra era mexer no caso de desaparecimento novamente. O que deu certo, já que a investigação foi reaberta.
Ela não foi abduzida. Alguém sabe [o que aconteceu]. Então há uma expectativa de um vizinho, de um amigo, de um parente falar. Eles podem pensar: 'agora eu posso falar, ter mais segurança de falar', porque se passaram 20 anos."
À imprensa, o atleta Vitor Belfort criticou a decisão das autoridades de seguir uma única linha de investigação: a de que a irmã foi sequestrada. "É inaceitável, inexplicável. Tiveram muitas falhas, lacunas e omissões na investigação. E ninguém investigou o que estava acontecendo nas duas últimas semanas [antes de Priscila desaparecer]", disse, conforme o Uol.
O lutador defende que o caso seja movido da Delegacia Antissequestro para a Delegacia de Descoberta de Paradeiros. "Isso é um direito da minha família. Não só investigar, mas reinvestigar. Existem muitos outros suspeitos no caso", destacou.
Jovita criticou a cobertura da imprensa realizada quando a filha desapareceu. "Na época do Orkut, alguém lá falou que Priscila era 'viciada' e dali surgiu [o boato]. Mas nunca ninguém bateu na minha porta para saber quem era a Priscila."
"A gente escutou muitas histórias ruins, muitas criaram uma Priscila que não existia. E as autoridades, sem nenhuma sensibilidade, seguiram uma linha de raciocínio, que — vocês vão ver no decorrer do documentário — estava totalmente errada e continua totalmente errada", comentou Joana Prado, esposa de Vitor.
Veja trailer de 'Volta Priscila'
Relembre o desaparecimento de Priscila Belfort
A jovem de 29 anos desapareceu em 9 de janeiro de 2004, quando deixava o trabalho, na Secretaria Municipal de Esportes e Lazer do Rio de Janeiro, para almoçar com o namorado. Ela nunca chegou ao local combinado.
Após dois dias sem notícias de Priscila, a família denunciou o sumiço dela. No período, não houve pedido de resgate.
O caso ganhou repercussão na imprensa devido ao parentesco com Vitor, que, na época, despontava na carreira como lutador e acabara de casar com Joana Prado, conhecida por interpretar a dançarina Feiticeira em programas de TV na década de 1990.
As hipóteses sobre o motivo do sumiço variavam desde confusão mental, já que a jovem apresentara lapsos de memória, a dívidas por uso de drogas devido a uma denúncia realizada em 2007.
Na época, Elaine Paiva da Silva se entregou às autoridades afirmando que ela e um grupo de indivíduos teriam envolvimento no assassinato de uma vítima que, supostamente, seria Priscila. Apesar dela dizer se parte de um sequestro seguido de assassinato, a Polícia nunca encontrou um corpo.
Seis suspeito chegaram a ser presos no período, mas foram liberados, e a família Belfort seguiu sem respostas sobre o desaparecimento.
As autoridades trabalhavam com a hipótese de homicídio, mas a família não descarta que Priscila possa estar viva. Após investigações, as suposições foram descartadas e o caso foi arquivado, mas, com o anúncio da série, a investigação foi reaberta pelas autoridades da cidade do Rio de Janeiro.