A ex-paquita Stephanie Lourenço relatou que sofreu homofobia nos bastidores do programa de Xuxa. Ela trabalhou com a apresentadora entre os anos de 1999 e 2002, e deu seu depoimento no documentário “Para sempre Paquitas”, disponível no Globoplay.
"Chegou uma fase da minha vida ali que eu já não me identificava com aquela feminilidade, com aquelas danças. Eu comecei a perceber que eu gostava de meninas e também comecei a perceber que eu não me sentia tão a vontade naquele lugar, apesar de eu amar aquele lugar. E eu, já me descobrindo como parte da comunidade LGBT, não era o que se esperava de uma Paquita. Eu sofri um tanto de homofobia ali naquela fase que foi difícil, mas eu era muito corajosa", contou Stephanie, atualmente com 36 anos.
Ela ainda relatou ter sido chamada de sapatão. “Para as pessoas que eu podia falar, eu falava. Eu gostava de falar. As meninas achavam curioso. Eu contava algumas fofocas para ela, elas ficaram curiosas e me apoiavam. A pressão era dos adultos em volta. Alguém me chamou de sapatão ali no ambiente do camarim. E tinha um produtor que disse: 'você nunca mais repita isso aqui'. E era uma pessoa que foi abusiva moralmente comigo durante todo o meu percurso, que me chamava atenção e falava: 'você tem que se vestir igual às meninas'. 'Você está muito desleixada'. Era coisa que chegava em mim, tipo: 'Ah, as meninas precisam tomar cuidado com a Stephanie, porque ela gosta de meninas'. E aí, vinha o medo de ser julgada, de perder minhas amigas", relembrou, sem citar nomes.
Depois de passar por essa experiência, Stephanie demorou 20 anos para se assumir bissexual. "Vi que eu me reprimi de uma forma muito violente por muitos anos. Era uma metade de mim que esqueci. Só que quando eu reencontrei também, veio muito forte. Me senti uma potência muito grande e tenho muito orgulho de dizer hoje que eu sou uma mulher bissexual. Eu sinto que agora eu sou eu".
Xuxa também participa do documentário e contou que não sabia da sexualidade de sua assistente de palco. "Ela nunca me falou. Ela era muito fechada".