A artista Jotta A se afirmou mulher trans e compartilhou sobre o próprio gênero nas redes sociais. A jovem de 24 anos fez sucesso na infância cantando músicas gospel em um programa de calouros de Raul Gil e chegou a ser a pessoa mais nova do mercado gospel latino a ser indicada ao Grammy. As informações são do Uol.
O processo até aceitar o seu "eu" foi marcado por muitos desafios, como a luta contra a ansiedade e depressão. Hoje, se sente pronta para viver como sempre quis.
Estou mostrando quem realmente sou, podendo assumir minha arte e minha verdade. Tirei das costas um sistema que não me aceitou como sou.
Nas redes sociais, compartilhou o visual que usava para ir ao cartório e fazer a primeira solicitação de mudança do seu "nome morto", como é chamado o nome de registro.
"Demorei muito tempo escolhendo meu nome e cheguei à conclusão de que deveria manter Jotta, apesar de nunca ter sido meu nome de registro, só artístico", detalhou.
Exigências e pressões
Em 2021, Jotta decidiu integrar a comunidade LGBTQIA+, após já ter se assumido bissexual. Porém, devido à carreira musical de sucesso, a artista passou por situações de assédio e cobrança, percebendo que se identificar nesse grupo causava incômodo.
"Por dentro, já estava vivendo um processo de autoconhecimento. Meu maior medo era expressar isso e entender como mostrar esse novo trabalho, guardado há tanto tempo dentro de mim", compartilhou.
No entanto, enquanto estava se descobrindo, em busca de aceitação, também precisava conciliar 15 shows por mês, viagens, participação em programas de TV, além de estar integrada a um "ambiente religioso, cheio de regras e cobranças".
"Eu era uma das cantoras com mais visibilidade no mercado gospel, mas a culpa só crescia porque o aprendizado que tive dentro da igreja era de que ser homossexual é errado. Como se desfazer de tudo isso quando você sabe que se assumir afetará toda a sua carreira?"
Por ter toda uma estrutura familiar e empresarial que dependia financeiramente do trabalho nela, Jotta tinha o receio de não ser aceita da forma que se vê, mas apenas da maneira que desejavam que ela fosse.
Preconceitos e violência
Já em 2020, Jotta decidiu romper com a igreja, deixando a música gospel para investir no pop. A partir desse momento, passou a sofrer ataques nas redes sociais. "Sofro ameaça de morte todo dia, palavras de ódio, racismo, homofobia. Pessoas subestimam meu trabalho", disse, na época.
"Até hoje, enxergo Cristo com um mensageiro de amor para todos, não só para as pessoas que a Igreja prega. Sou grata pela trajetória que tive, mas não sigo nenhuma religião. Só acredito em Deus".
Por fim, concluiu: "recomeçar não é fácil, mas estou feliz por estar vivendo todo esse processo. Feliz em ter tantas pessoas que me apoiam e acreditam em mim nessa nova etapa!".