A família de Silvia de Oliveira Martins, advogada que morreu após uma lipoaspiração no domingo (17), acusa a cirurgiã Geysa Leal Corrêa de ter ignorado resultado de exame de sangue, segundo informações do jornal O Globo.
Os exames apontaram que taxas ligadas à inflamação do organismo estariam elevadas, o que deveria ter inviabilizado o procedimento. A família de Silvia, que era advogada de MC Poze, disse que a médica já havia feito outros procedimentos nela, incluindo uma lipoaspiração, e que, por isso, Silvia confiava no trabalho.
Segundo Adriana Macena, cunhada de Silvia, a cirurgia foi realizada na madrugada do sábado (16) e, no mesmo dia, a advogada recebeu alta e retornou para casa. Ela conta que, após ser confrontada por Silvia sobre resultado do exame de sangue, a médica a teria tranquilizado e falado que as taxas não eram "nada de mais".
"As alterações no exame de sangue mostravam que ela tinha taxas altas de VHS e PCR, ou seja, um quadro inflamatório. Poderia ser até consequência de um resfriado ou gripe, mas já era suficiente para a médica vetar a cirurgia. A Silvia falou com ela, mas recebeu um 'não é nada de mais' como resposta. Confiamos que a lipo realmente não apresentava perigo", comentou a cunhada ao O Globo.
Adriana disse ainda que Silvia procurou a médica apenas para corrigir um silicone colocado nos seios, mas foi convencida a fazer a lipoaspiração.
"Silvia teve alta no mesmo dia da cirurgia. Quando estava em casa, me ligou avisando sentir falta de ar e muita dor no peito. Eu falei para ela correr para o hospital. Ela foi para o CTI e diagnosticada com embolia pulmonar bilateral. Ali eu sabia que tinha perdido a Silvia", lamentou Adriana.
Em um comunicado enviado à imprensa, o advogado da médica, Lymark Kamaroff, lamentou a morte de Silvia e afirmou que "não há nexo de causalidade entre a intercorrência sofrida pela paciente e atuação da Dra. Geysa". Disse ainda que a médica sempre agiu diligentemente, seguindo os padrões preconizado pela boa técnica e que infelizmente intercorrências cirúrgicas podem ocorrer.
A defesa reforçou que todas as pacientes de Geysa assinam um termo de consentimento para a possibilidade de ocorrer um evento adverso, que pode ser uma complicação ou intercorrência, e que esta foi a terceira intervenção cirúrgica feita por Silvia com a médica. As outras foram em 2019 e 2020.
O advogado disse ainda que Silva foi devidamente informada sobre os riscos e benefícios da cirurgia, bem como sobre as possíveis limitações do procedimento. Além disso, foi acompanhada em todas as fases da cirurgia, recebendo cuidados e orientações.
Condenação por morte de outro paciente
Em junho deste ano, Geysa foi condenada na Justiça pela morte de outra paciente, que teve complicações após uma hidrolipo, lipoaspiração com enxertia, realizada em 2021.
A desembargadora Suimei Meira Cavalieri, da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, decidiu pela condenação por crime culposo, quando não há intenção de matar, aplicando uma restrição de direitos como pena.
"Considerando a primariedade do réu, o qual conta com todas as circunstâncias judiciais favoráveis, e, ainda, a pena inferior a 4 anos por crime cometido sem violência ou grave ameaça em concurso com crime culposo, impõe-se o benefício da substituição da pena privativa de liberdade por restrita de direitos", diz parte do acórdão.