Dia da mulher: pesquisadora da UFC é destaque em publicação internacional sobre mobilidade

Bianca Macêdo é filha de cearenses, formada em engenharia civil pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e, além de mestranda, é consultora independente em mobilidade urbana

Neste 8 de março, a cearense Bianca Macêdo, estará presente na terceira edição do Remarkable Women in Transport. A publicação internacional que será lançada pela organização  Women Mobilize Women, seleciona mais de 50 mulheres do mundo inteiro que tenham desenvolvido e atuado em projetos importantes sobre mobilidade. A publicação é uma forma de reconhecimento dos trabalhos prestados por esse público feminino à sociedade. Outra brasileira está presente na homenagem, mas atua na Alemanha.

Bianca não nasceu no Ceará, mas segundo afirma, é “cearense de coração”, pois, além de seus pais serem do Cariri, desde os cinco anos ela reside no Estado. Hoje com 30 anos, mora em Fortaleza. É formada em engenharia civil pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), faz mestrado no Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará e é consultora independente em mobilidade urbana.

O interesse de Bianca pela mobilidade surgiu na graduação. “Eu percebi que, na engenharia civil, a área de transportes era onde eu mais poderia impactar a vida das pessoas. Eu estudei sobre mobilidade sustentável quando fiz um intercâmbio na Holanda, lá a bicicleta era meu principal meio de transporte. Quando voltei para o Brasil, tinha a certeza de que nossas cidades podem ser como as cidades da Holanda, e resolvi trabalhar e lutar por isso e também não larguei mais a bike”, detalha.

Mulher e mobilidade

Segundo a engenheira, as mulheres são maioria no transporte público e maioria na mobilidade a pé, enquanto os homens dirigem mais, seja carro ou moto, e andam mais de bicicleta. Por isso, esse é um dos principais motivos da mobilidade ser tema importante para o Brasil. Conforme explica, as mulheres utilizam os meios de transporte principalmente para cuidar de alguém, seja para levar o filho à escola ou levar um idoso para a consulta médica, essa característica das mulheres é definida como "mobilidade do cuidado".

“Existem necessidades diferentes entre os gêneros, e é muito importante pensar a cidade para mulheres. Mundialmente, as cidades são pensadas por homens, e no Brasil não difere, o que pode levar a uma cidade que não contemple essas necessidades femininas. Por isso é importante promover esse debate, ainda mais agora que as mulheres são maioria no transporte público” explica.

Trajetória e projetos

Enquanto trabalhava na Prefeitura de Fortaleza, Bianca liderou projetos relevantes que buscavam elevar as políticas de mobilidade da cidade, como a expansão do sistema de compartilhamento de bicicletas gratuitas para a periferia, o programa contra o assédio sexual no transporte público, o projeto Re-Cycle de energia elétrica, a ampliação da infraestrutura cicloviária e inserção de sistemas específicos de bicicletas compartilhadas para crianças, além da integração com o transporte público. 

Ela também tem experiências em planos de mobilidade urbana sustentável, em estudos de gênero e transporte no Brasil e na Guiana e na defesa de mulheres e bicicletas. Como consultora independente, trabalhou em projetos de mobilidade sustentável com foco em qualidade do ar, saúde, gênero e inclusão de grupos vulneráveis. 

Publicação internacional

A publicação internacional Women Mobilize Women destaque que as mulheres contribuem ativamente para transformar a mobilidade em um ambiente mais seguro, inclusivo e com um futuro sustentável, mas suas contribuições frequentemente permanecem desconhecidas. 

“Os sistemas de transporte só podem se tornar verdadeiramente inclusivos e sensíveis ao gênero se as vozes, perspectivas e as experiências das mulheres são refletidas em todos os níveis. Esta publicação mostra a diversidade de mais de 50 mulheres transformadoras no setor de transportes, já que a visibilidade é a chave para mudar mentalidades”, explica a rede no site.