Associação de moradores do bairro Serrinha já distribuiu cerca de 5 toneladas de alimentos

Com todas as ações, de acordo com a diretora da Amorbase, já conseguiram atingir cerca de 2 mil famílias em situação de vulnerabilidade

Prestar auxílio a moradores da região do bairro Serrinha, em Fortaleza, já uma das premissas da Amorbase (Associação de Moradores do Bairro Serrinha), mas nesse período em que a situação econômica se tornou mais crítica, principalmente na periferia, a atuação da associação se tornou imprescindível. Desde o início da pandemia até este mês, já foram doados cerca de 5 toneladas em alimentos.

A iniciativa criada em meio à pandemia do novo coronavírus, que recebeu o nome de “Periferia contra o coronavírus”, tem a Amorbase como líder de uma frente que engloba outras 10 entidades do bairro. De acordo com a diretora da associação, Franciane Lima, funciona como “se ela [a Amorbase]  fosse um guarda-chuva grande e embaixo dela, várias entidades menores”.

"Em um primeiro momento [a gente] pensa essa ação de solidariedade para os moradores da Serrinha, era para garantir que nossos parceiros e filiados com cesta básica, kit de higienização e máscara”, explica Pool Almeida, presidente da Amorbase. A iniciativa trabalha nos seis territórios que se concentram dentro do perímetro do bairro. São eles: Baixada, Rampa, PM, Omega, Serrote e Garibaldo. Além desses, nos últimos dias, a associação também recebeu a demanda de prestar assistência à população vulnerável, em uma ocupação, perto do bairro, somando assim, sete territórios. 

Ações

As ações são financiadas por meio de uma "vakinha online", forma de arrecadar dinheiro por meio de doações feitas na internet, que foi criada ainda em 25 de março. Além disso, a associação tem parceiros como o Instituto Nordeste Cidadania (INEC), que possibilita a montagem de 300 cestas básicas por mês, a Ser Ponte - ONG de alcance nacional - que está oferecendo ajuda de custo de 180 reais, por três meses, a 14 famílias da comunidade, a Universidade Estadual do Ceará (Uece), que ajudou na doação de 1.900 quentinhas para catadores de recicláveis, este mês, e o Projeto Baobá, onde a associação transformou o apoio financeiro em cestas básicas. 

“Ajudamos desde março e a demanda é muito grande, nós já entregamos para mais de 2 mil famílias, e de cestas [básicas], já são cerca de cinco toneladas de alimentos. Juntando todas as ações [feitas até agora]”, destacou Franciane. “Em apenas uma ação já conseguimos contemplar 100 famílias, cada ação é um número muito alto que a gente consegue atingir”, completa.

O fundo Baobá também auxiliou em uma diferencial nas cestas básicas doadas pela associação de moradores, uma revistinha de colorir, que destaca mulheres negras e a prevenção ao novo coronavírus. “[Tem nas cestas] umas revistinhas para crianças, que não estão neste momento indo para escola, poderem desenhar e são sobre o tema coronavírus. Foi uma parceria da Amorbase com o fundo Baobá, que foi um projeto de edital voltado para a situação de vulnerabilidade e com recorte social. [Então] direcionamos para as mulheres catadoras”, destaca Pool Almeida.

Mudança na rotina

Antes do período de pandemia, a associação ofertava curso de inglês, mini-oficinas e um cursinho pré-universitário, para os jovens do bairro, gratuitamente, mas a pandemia mudou completamente os planos. “Isso [tudo] ficou paralisado por conta da pandemia, para seguir as orientações do Governo Estadual e da Organização Mundial da Saúde (OMS)”, conta a diretora. Mesmo as aulas de pré-vestibular, que eram essenciais, não tiveram como continuar. “Tivemos algumas videoconferências nesse sentido, mas já é difícil mesmo presencialmente, [então] imagina agora com essa quarentena”, lamenta o presidente da Amorbase. 

“Sabemos da dificuldade desses alunos, muitos não tem internet ou até mesmo computador para seguir com aulas remotas”, destacou Franciane.

O curso era ofertado com a colaboração do programa Viva a Palavra, constituído em parceria com a Uece e o movimento social Círculos Populares.

Para o presidente da Amorbase, Pool Almeida, o grande desafio pós-pandemia, vai ser fortalecer essa rede de solidariedade. “Com certeza uma grande depressão econômica e cada vez mais, a gente [da periferia] volta para a precariedade e desemprego. Agora é pensar como tirar dessas experiências de solidariedade, para o que vai vir, que é a precarização da vida”, conclui.