Neste mês de agosto, se completam três anos e cinco meses desde a muralha da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, sede da 10ª Região Militar do Exército Brasileiro, desmoronou parcialmente. Após tanto tempo de espera, atualmente, o trecho já passa por obras de recuperação.
De acordo com a 10ª Região Militar, um projeto de reparo da muralha foi aprovado após ser submetido ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), já que o bem é tombado em nível federal desde julho de 2008. Portanto, qualquer mudança na estrutura deve ter concordância do órgão federal.
Em nota, o Iphan relatou que, na manhã seguinte ao desabamento, enviou uma equipe composta por arquiteto e arqueólogo para realizar uma vistoria na área arruinada e se reunir com o Comando da 10ª Região Militar para tratar dos serviços de reparação.
A proposta preliminar de recuperação da área encaminhada pelo Exército incluiu:
- estabilização temporária do muro com sacos de areia;
- contratação de equipe para realizar laudos de engenharia necessários à identificação das causas do arruinamento e à elaboração do projeto executivo de consolidação;
- execução de uma cortina de estacas de concreto no arrimo, paralelamente ao muro da bateria inferior, que ficará em definitivo como reforço estrutural da área;
- execução de novo muro.
A proposta foi analisada pelo Iphan-CE, que apresentou algumas adequações. Ainda conforme o Instituto, a cortina de estacas de concreto foi realizada entre 2022 e 2023 e, em abril de 2024, foi iniciada a reconstrução do muro.
“A última vistoria de acompanhamento da obra foi realizada em 24 de abril de 2024, sendo prevista uma próxima para a primeira quinzena de agosto”, finalizou a autarquia.
Na manhã da última sexta-feira (2), o Diário do Nordeste esteve no local e constatou trabalhadores montando o muro. A reportagem procurou a 10ª Região Militar para saber a previsão de conclusão das obras e atualizará o texto quando houver retorno.
História da Fortaleza
O parecer técnico do Iphan incluiu a fortaleza nos três Livros do Tombo nacional: Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico; Histórico e das Belas Artes. A proposta foi uma iniciativa do professor José Liberal de Castro, da Universidade Federal do Ceará (UFC) - que também realizou estudos históricos e arquitetônicos -, a pedido do Comando da 10ª Região Militar.
A edificação foi erguida numa área onde vários fortes foram construídos desde as primeiras tentativas de colonização de Fortaleza, no século 17. O local deu origem ao primeiro povoado da região, atualmente capital do Estado.
A partir de 1649, foram construídos vários redutos, que passaram por sucessivos ataques e desmoronamentos. Até então conhecido como Forte Schoonenborch, em homenagem a um governador holandês, o local foi tomado pelos portugueses em 1654 e renomeado para Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção.
Em 1812, começou a ser construída a fortaleza no formato em que é hoje, com projeto de Silva Paulet e concluída em 1817. De 1857 a 1860, novas obras foram realizadas, e a edificação foi elevada à categoria de fortificação de segunda classe.
A velha fortaleza foi desarmada pelo governo da República em 1910, e passou a ser considerada apenas como dependência do quartel ali instalado. No início da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), seus canhões de bronze e outras relíquias foram comercializadas e fundidas.
Durante sua existência, o forte e os quarteis anexos alojaram diferentes tropas e unidades. Hoje, ele abriga o Comando da 10ª Região Militar, e parte do sítio histórico é aberto à visitação gratuita e guiada.