Saiba qual o risco de acidente com peixe-leão durante banho de mar nas praias do Ceará

Pesquisadores cearenses monitoram o aparecimento da espécie invasora e analisam os riscos neste momento inicial

A proliferação do peixe-leão no Ceará levanta dúvidas sobre o risco de ferimentos com a espécie venenosa durante uma das atividades mais tradicionais no Estado: o banho de mar. Os especialistas explicam que essa possibilidade é muito baixa, mas indicam o que fazer em caso de ferimento e como contribuir com o monitoramento do animal.

O peixe-leão foi registrado pela primeira vez no litoral cearense em março deste ano e no, mês seguinte, causou ferimento em um pescador. Até o momento, 5 cidades já confirmaram a presença do animal. Mas qual a chance de um banhista ser atingido pelo bicho?

“Depende do local: o peixe não é de praia arenosa, então a probabilidade disso ocorrer é muito baixa nesse ambiente. Porém, em banhos de ambiente de rochas e de recifes, aumenta um pouco o risco”, explica Marcelo Soares, professor no Instituto de Ciências do Mar (Labomar), na Universidade Federal do Ceará (UFC).

Isso acontece porque, em geral, o peixe-leão fica em profundidades entre 6 e 9 metros. Como a espécie não ataca, o risco maior acontece para pescadores.

“Por enquanto, a gente tem detectado mais o animal em currais de pesca, que é uma área muito específica para pescadores, e não turistas ou pessoas que só tomam banho de mar”, acrescenta.

Quem monitora a situação do peixe-leão no Ceará aponta que os próximos meses podem ser mais complicados para a identificação do bicho, já que a visibilidade nas praias diminui.

“A gente tem um problema, principalmente no segundo semestre, porque a nossa água fica muito turva devido a força dos ventos. Então, vai ficar muito difícil controlar em relação ao Caribe, que tem as águas claras o ano todo”, compara Marcelo.

Existe chance do peixe-leão se espalhar?

O animal possui uma capacidade de se reproduzir a cada 4 dias e uma fêmea pode colocar em torno de 2 milhões de ovos por ano. Isso acontece sem que exista um predador desses peixes e, dessa forma, a espécie vai avançando por outros locais.

No Ceará, foi confirmada a presença do animal invasor em Jericoacoara, Acaraú, Camocim, na Praia de Bitupitá e Itarema.

“O animal está só até em Itarema, mas se nada for feito ele vai se espalhar em todo o litoral tropical nordestino se não for controlado”, alerta Marcelo. Uma das formas de controlar o peixe-leão é a caça desses animais em parceria com pescadores.

Mas, nesse momento inicial, ainda não há nenhum projeto de caça da espécie invasora no Ceará, como explica Luis Ernesto Bezerra, professor no Labomar e Cientista-Chefe de Meio Ambiente pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado (Sema).

“Na última reunião do Observatório Costeiro e Marinho, que reuniu dezenas de especialistas, foi decidido que não se ia estimular ainda a captura porque era preciso informar a população, pescadores e mergulhadores dos riscos e de como deve ser feita a captura e manuseio”, destaca.

Peixes serão monitorados

Pesquisadores cearenses deram o primeiro passo para o monitoramento do peixe-leão com o lançamento de um aplicativo para uso nacional. As informações coletadas com apoio da população, pescadores e mergulhadores devem embasar estratégias de contenção.

Além do canal, o Observatório Costeiro e Marinho disponibiliza um contato de Whatsapp para que a população possa enviar informações sobre o peixe-leão: (85) 3366-7059. Na sexta-feira (6), representantes de 20 municípios do litoral cearense devem se reunir para trocar informações sobre o monitoramento.

“Além de dar maiores esclarecimentos sobre os riscos para o ambiente e para a saúde humana. As secretarias de saúde dos municípios também irão participar, bem como um representante da Secretaria Estadual da Saúde”, explica Luis.

O que fazer em caso de acidente com o peixe-leão?

Embora a possibilidade de banhistas se machucarem com o animal, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) publicou uma nota técnica na última sexta-feira (29) detalhando os sintomas e cuidados em caso de ferimentos.

Quem é ferido por um peixe-leão deve fazer a imersão do local em água quente, entre 40°e
45°C, por 30 a 40 minutos - o quanto a pessoa conseguir manter.

Se isso não for possível, a Sesa orienta que a parte afetada seja aquecida de outra forma, porque o calor desnatura as proteínas do veneno, dificultando sua absorção. É indicado que o paciente busque uma unidade de saúde mais próxima do local.

Saiba quais os sintomas da toxina do peixe-leão em humanos:

  • Dor
  • Edema
  • Vermelhidão
  • Equimose (roxidão na pele)
  • Diarreia
  • Náuseas
  • Convulsões

A Sesa frisa que em caso de acidente com o animal, o envenenamento pode ser doloroso e com outras reações mais severas. Caso o animal seja capturado, não deve ser devolvido para o mar, mas sim reportado aos órgãos competentes.