O ano de 2022 começou com uma forte incidência de infecções por Covid-19 no Ceará. A variante Ômicron, descoberta no fim do ano passado, foi a grande responsável por essa explosão de casos. No entanto, a curva do número de mortos, felizmente, não acompanhou a das contaminações.
Contudo, ainda assim o Ceará registrou mais de 1.500 mortes desde 1º de janeiro deste ano até esta segunda-feira (21). Das 184 cidades, apenas 21 não tiveram nenhum caso de óbito por decorrência da Covid-19. As informações foram retiradas do IntegraSus, plataforma de dados da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), e confrmadas junto aos sites de cada prefeitura.
Cidades sem óbitos em 2022:
- Antonina do Norte (6.984 habitantes),
- Aiuaba (16.207 habitantes),
- Ararendá (10.500 habitantes),
- Arneiroz (7.657 habitantes),
- Banabuiú (18.313 habitantes),
- Carnaubal (17.763 habitantes),
- Chaval (12.617 habitantes),
- Choró (12 853 habitantes),
- Dep. Irapuan Pinheiro (9.698 habitantes),
- Frecheirinha (12.991 habitantes),
- Groaíras (11.219 habitantes),
- Ibiapina (25.082 habitantes),
- Jati (8.130 habitantes),
- Marco (27.822 habitantes),
- Milagres (27.413 habitantes),
- Moraujo (8.225 habitantes),
- Pacujá (5.986 habitantes),
- Palmácia (12.624 habitantes),
- Porteiras (14.920 habitantes),
- São Luís do Curu (12.519 habitantes),
- Senador Sá (6 852 habitantes),
As mortes deste ano representam menos da metade do índice de igual intervalo de 2021. Entre 1º de janeiro a 21 de março do ano passado, foram 3.800 óbitos. Os dados são do IntegraSus, plataforma oficial da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).
Óbitos por Covid-19 registrado no Ceará neste início de ano.
Para especialistas, este cenário de amortização do número de vítimas fatais deve-se à vacinação. Quanto às cidades que não registraram nenhuma morte, a virologista, epidemiologista e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Caroline Gurgel, disse não existir um único fator específico, mas um conjunto de ações que podem ajudar a entender esta ausência de óbitos.
"Claro que a vacina [contra a Covid-19] é o principal fator. Quanto mais pessoas vacinadas, menor serão as chances de termos infectados desenvolvendo sintomas graves e, consequentemente, menores serão as quantidades de óbitos. Mas, outros fatores também contribuem", destaca a Caroline.
A forma em que a própria variante atua no organismo também é outro fator preponderante. No início do ano, o Instituto Norueguês de Saúde Pública apontou que os riscos de hospitalização pela variante Ômicron são 69% menores se comparados aos da cepa Delta, oriunda na Índia.
"Essa variante é bem mais agressiva no seu poder de transmissão, mas menos letal", pontua Caroline.
Menor fluxo de pessoas
Das cidades que aparecem, no IntegraSus, sem nenhum registro de mortes por Covid-19, todas elas são de pequeno ou médio porte, com população que não ultrapassa a casa dos 30 mil habitantes. Este fator, para o infectologista, também contribui para redução da transmissão do vírus.
"Quando o vírus encontra uma população pequena, a chance de ele infectar uma pessoa com algum comorbidade, por exemplo, é bem menor se comparado a grandes centros, como São Paulo. Então, o imapcto nessas pequenas cidades acaba sendo menor e a taxa de óbitos cai bastante", detalha.
A especialista, no entanto, destaca que, mesmo com uma população diminuta, é importante o avanço da vacinação de forma uniforme em todo o Estado para que não ocorram "bolhas". "Felizmente nossa taxa de vacinação está bem positiva. Estamos avançando bem e isso contribui muito para a diminuição dos indicadores", conclui.