A vida de Rutenio Florencio poderia ser contada de muitas outras formas. Menino criado na periferia de Fortaleza, viu, aos 6 anos, a mãe ficar paraplégica e as condições financeiras da família piorarem e o levar para viver dentro da Favela do Inferninho. O pai faleceu quando ele tinha17 anos e ele se tornou "o homem da casa". Poderia ter olhado somente para suas dores e carências, mas resolveu olhar para o redor e encontrar a missão que estampa no peito: transformar a a favela. Era a única forma de existir com sentido.
O jovem- resgatado pelo esporte- viu o amigo morrer de violência. Virou notícia. Rutenio despertou! "Quando esse meu amigo morre eu falo o seguinte: nenhum jovem mais dessa favela vai morrer por crime. Não faz sentindo ter juventude se perdendo. Não faz mais sentido ter notícia ruim. Quando ele morreu foi manchete. Por que a gente só é lembrado por isso? A gente tem tanta gente boa. E eu fiz essa promessa pra mim mesmo", relata em entrevista ao podcast Que Nem Tu, do Diário do Nordeste.
A trajetória, então, é de abanadonar um plano individual e se dedicar a um projeto social. Ele começou a dar aulas de esportes para 3 crianças. Logo depois já eram 15. Hoje, o Instituto Pensando Bem já impactou em três anos de atuação mais de 420 famílias, realizou cerca de 3000 atendimentos por mês e oferta mais de 20 oficinas gratuitas para a comunidade. Nessas contas, o Intituto parou de conta os sorrisos!
OUÇA UM NOVO EPISÓDIO A CADA QUINTA-FEIRA, NO SEU TOCADOR DE PODCAST PREFERIDO:
No bate-papo com os jornalistas Karine Zaranza e Alan Barros, o empreendedor social relembrou o início do projeto ainda funcionando na varanda de sua casa. Como havia urgência de chegar a mais e mais crianças, ele precisou expandir e, ao lado da comunidade, transformou um espaço de violência e abandono no Beco do Céu. Lá, as atividades acontecem e muitas vidas são transformadas.
Rutenio contou também sobre o desafio de fundar o Instituto durante a pandemia. Na época, os trabalhos se voltavam para arrecadar alimentos para famílias na periferia. Depois, ele focou em ações estruturais de emprendedorismo feminino, de capacitação de jovens, inclusão e também de planejamento e transformação socioambiental. O cara tem muitas missões, mas a que ele gosta de estampar na roupa é que ele vai transformar a favela de dentro pra fora.
O trabalho vai longe. E chegou até ao programa do Luciano Huck, na Globo. Rutenio foi convidado para participar do game The Wall, no ano passado. E, ao lado de Railson Marques, levou um dos maiores prêmios da edição. Os bastidores da aventura, ele conta no podcast. Essas e outras muitas histórias de quem não tem medo de enfrentar grandes desafios.