A pandemia da Covid-19 ultrapassa a marca dos dois anos de duração e, ao longo deste ínterim, mudanças comportamentais do vírus foram identificadas. Uma das mais importantes dela versa sobre seu tempo de infecção no paciente.
No início da pandemia, ainda em meados de março de 2020, era recomendado ao paciente infectado pelo SARS-Cov-2 isolamento de duas semanas. Atualmente, esta janela reduziu pela metade.
Em janeiro deste ano, a Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa) emitiu novas recomendações de isolamento de pacientes com Covid-19, dentre as quais constam no fluxograma o novo prazo, que agora é de sete dias.
Essa alteração atende à mudança determinada pelo Mnistério da Saúde, naquele mesmo mês. Conforme a Pasta, no entanto, o isolamento deverá ser feito por 7 dias apenas desde que não apresente sintomas respiratórios e febre, há pelo menos 24 horas e sem o uso de antitérmicos.
Mas, de fato, há um período padrão em que o infectado excreta o vírus? O processo de imunização na população tem alguma participação direta na redução deste tempo de isolamento e, mais, quais os grupos-etários que mais têm poder de infecção quando infectados?
Múltiplos fatores
O biomédico e mestre em microbiologia médica, Samuel Arruda, explica que o tempo de duração do vírus em cada paciente depende de uma diversidade de fatores, dentre elas, a vacinação. "Esta alteração [redução do tempo de isolamento] pode, sim, está diretamente associado à vacina", pontua.
O especialista detalha que, devido ao imunizante diminuir a gravidade dos sintomas e, consequentemente, a carga viral, "o paciente que está vacinado automaticamente tem uma diminuição na excreção do vírus", ou seja, há redução na fase infectante, que é o período em que o paciente infectado pode transmitir o vírus.
Outro fator determinante, ainda segundo Arruda, diz respeito a quão saudável é aquele paciente infectado. Geralmente, acrescenta o microbiologista, "pacientes mais jovens e saudáveis costumam excretar o vírus por um curto período de tempo, no máximo 7 dias".
No começo da pandemia, assumiu-se que uma pessoa infectada era capaz de transmitir o vírus por um período de aproximadamente 14 dias. Entretanto, a excreção viral podia ser prolongada em alguns pacientes, notadamente os que desenvolviam sintomas graves.
Quando adicionadas outras condicionantes, como a vacinação - paciente com o esquema vacinal completo tendem a ter menor período de excreção - e a resposta do sistema imunológico, "o vírus pode ter uma duração ainda menor no organismo do paciente".
Crianças com Covid
Contudo, para as crianças, o padrão se altera. Samuel Arruda externa que alguns estudos já atestaram que crianças podem excretar o vírus por muito mais tempo, "por até seis meses, embora não possamos afirmar a existência de um padrão pré-determinado"
O especialista aponta, por fim, um terceiro fator: a carga viral em que o paciente foi atingido. "No caso da Ômicron, foi identificado que o paciente produzia mais partículas virais e também excretava mais, isso tornava o vírus mais infectante".