Uma mulher trans, identificada como Angel Paredaz, foi barrada por vigilantes na estação de metrô do bairro São João do Tatuape, em Fortaleza, na tarde dessa quinta-feira (13). Ela relatou ao Sistema Verdes Mares que, ao tentar passar pela catraca, foi impedida pelos seguranças, que a agrediram com empurrões e puxões no braço. A passageira não registrou boletim de ocorrência sobre o caso.
O Metrofor informou, em nota, que a passageira foi retirada do trem porque estava ouvindo música em som alto, o que é proibido dentro dos vagões do VLT, mas que reprova a forma como os vigilantes realizaram a contenção. "As imagens estão sendo analisadas e medidas serão adotadas para a correção", ressaltou o órgão.
Segundo relato de Angel Paredaz, além das agressões físicas, os vigilantes fizeram comentários preconceituosos sobre ela, que não revidou os ataques.
"Estou me sentindo muito mal, meu psicológico não é mais o mesmo [...] É muito preconceito da sociedade, além da agressão física, teve a agressão psicológica. Foi preconceito pelas minhas vestes ou pela minha cor, só porque eu sou negra e periférica", afirmou.
Veja vídeo
Em vídeos compartilhados nas redes sociais, Angel aparece sendo empurrada pelos seguranças após questionar o motivo de não poder acessar o VLT. Nas imagens, ela está tentando voltar para entrar novamente no trem, logo após ser retirada. (Assista abaixo)
"Eu me senti muito constrangida, vim pra casa a pé, não tinha o dinheiro da passagem. Me senti humilhada, chorei no caminho inteiro. Não é fácil a pessoa ser humilhada desse jeito. Vocês podem ver no video que em nenhum momento eu agredi eles. Ele [o segurança] puxa meu braço como se fosse quebrar. E esse não é o primeiro caso que aconteceu", desabafou.
Posicionamento do Metrofor
Em nota enviada ao Diário do Nordeste, o Metrofor afirmou que, mesmo após ser notificada sobre o som em volume alto, sendo orientada a usar fones de ouvido, ela não mudou a conduta, incomodando outras pessoas.
"As regras de embarque do VLT estão publicadas em todas as estações e no site do Metrofor, além de serem frequentemente citadas nas redes sociais da empresa. Caso algum passageiro ou passageira insista em gerar transtornos dentro dos vagões, ele ou ela está sujeita a não continuar o trajeto. Essas e outras regras são válidas para todas as pessoas, independente de gênero e orientação sexual ou de qualquer outro critério", diz a nota.
O órgão ainda informou que, nas estações, estão fixadas placas que avisam que atitudes de discriminação por gênero ou sexualidade são crime de lgbtfobia e que "reafirma seu compromisso de pluralidade e igualdade entre todos e todas", finalizou.