As suspeitas de infecção pelo vírus monkeypox (MPXV) no Ceará já atingem todas as faixas etárias. Entre as crianças de até 9 anos, pelo menos 22 casos já estão em investigação, de acordo com dados da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), atualizados até esta quinta-feira (25).
Dos 13 meninos cuja causa do adoecimento está sendo investigada no Estado, 9 apresentam lesões de pele, sintoma típico da monkeypox. Das 9 meninas que integram os casos suspeitos, 8 têm erupções cutâneas. A febre é o 2º sintoma mais comum.
No total, 13 cidades cearenses já notificaram possíveis casos infantis da monkeypox, mas até agora não há infecção confirmada entre os pequenos de 0 a 9 anos no Ceará.
Crianças podem ter complicações
Os sintomas de monkeypox em crianças, em geral, incluem “febre intensa, mal estar geral, sensação de prostração e as lesões em forma de bolhas em todas as partes do corpo”, como lista a pediatra Vanuza Chagas.
A médica alerta que “o grande receio é que, nas crianças, as lesões podem se juntar e formar outras maiores”. Além disso, se as lesões de pele se romperem ou a criança tocar nelas, “podem acontecer infecções secundárias por bactérias”.
O quadro clínico da monkeypox pode se assemelhar ao da catapora e de outras doenças comuns na infância, como a mão-pé-boca; mas uma das coisas que chamam atenção (para diferenciar) é a criança ter tido contato com caso suspeito ou confirmado.
Se, ao adoecer, um adulto precisa intensificar os cuidados com a saúde, em se tratando de crianças a necessidade é ainda maior – acentuando a importância da identificação precoce de caso suspeito.
“Uma das coisas que preocupam é a criança ainda ter um sistema imunológico ainda em formação, ou seja, é um paciente que mesmo no processo viral tem maior risco de complicação”, alerta Vanuza.
Saiba mais sobre a monkeypox
Quais os sintomas da monkeypox?
Dentre os casos notificados no Ceará, segundo a Sesa, os sintomas mais apresentados pelos pacientes foram lesões de pele, febre e dor de cabeça.
Os sinais e sintomas da monkeypox duram de 2 a 4 semanas, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), e desaparecem por conta própria, geralmente sem complicações.
Os principais sintomas da monkeypox já identificado entre os cearenses, são:
- lesões na pele;
- febre;
- dor de cabeça;
- fraqueza;
- dor muscular;
- aumento dos linfonodos do pescoço;
- dor de garganta;
- dor nas costas;
- suor/calafrios;
- dor nas articulações;
- lesão genital/perianal;
- náusea/vômito;
- inchaço dos gânglios;
- lesões na boca e mucosas;
- tosse;
- sensibilidade à luz;
- conjuntivite;
- inchaço peniano;
- proctite (inflamação no reto);
- sinais hemorrágicos.
O período de incubação do vírus monkeypox é “tipicamente de 6 a 16 dias”, mas pode chegar a 21 dias, como explica o Ministério da Saúde. Ou seja, esse é o período que o paciente pode manter sem sintomas após ter contraído o vírus.
Como ocorre a transmissão da monkeypox?
Entre humanos, o vírus é transmitido por contato pessoal com secreções respiratórias, lesões de pele de infectados, fluidos corporais ou objetos recentemente contaminados.
“Quando a crosta desaparece e há reepitelização, a pessoa deixa de infectar outras e, na maioria dos casos, os sinais e sintomas desaparecem em poucas semanas”, aponta a Sesa.
De acordo com o Ministério da Saúde, a monkeypox “é uma doença que exige contato muito próximo e prolongado para transmissão de pessoa a pessoa, não sendo característica a rápida disseminação”. Apesar disso, o vírus tem potencial epidêmico.
Como prevenir?
- Evitar contato com pacientes suspeitos ou infectados;
- Higienizar as mãos com frequência, com água e sabão ou álcool;
- Usar máscaras de proteção.
As medidas também valem para roupas, roupas de cama, talheres, objetos e superfícies utilizadas por pessoas com suspeita ou confirmação da doença. Esses itens devem ser limpos da forma adequada.
O que fazer se tiver sintomas da monkeypox?
As autoridades de saúde recomendam que o paciente que apresentar sintomas procure uma unidade de saúde, para atendimento médico. E não entre em contato com outras pessoas.
Qual é o tratamento da monkeypox?
O tratamento dos casos suspeitos de varíola dos macacos tem se baseado, conforme boletim da Secretaria da Saúde, “no manejo da dor e do prurido, cuidados de higiene na área afetada e manutenção do balanço hidroeletrolítico”.
A maioria dos casos, observam as autoridades de saúde, apresenta sintomas leves e moderados. “Na presença de infecções bacterianas secundárias às lesões de pele, deve-se considerar antibioticoterapia”, acrescenta a Sesa.
Até o momento, não há medicamento aprovado especificamente para monkeypox, embora alguns antivirais tenham demonstrado alguma atividade contra o MPXV.