Idosa é resgatada de afogamento pela neta após chuva forte no CE: 'estava rezando o terço'

Maria Teixeira, de 77 anos, e duas meninas adolescentes que ainda estavam em casa conseguiram sair do local, deixando os móveis

Foi por muito pouco que a aposentada Maria Teixeira Fernandes, de 77 anos, não morreu após as fortes chuvas que atingiram a comunidade do Bananal, no município de Uruburetama, interior do Ceará, no último sábado (21). A idosa foi salva por uma das netas, que também estava em casa. 

Maria Teixeira contou que havia decido rezar o terço no momento das fortes chuvas, sendo surpreendida quando o nível da água passou do pescoço, chegando até a boca. 

Sem reação, ela disse que acabou sendo salva por uma das netas, que conseguiu a tirar de casa e levar até um dos familiares. Na busca por abrigo, a mulher e duas meninas adolescentes que ainda estavam em casa conseguiram sair do local, deixando móveis e eletrodomésticos em casa.

Todos os pertences materiais acabaram sendo perdidos.  

Uruburetama vem registrando vários alertas de perigo por conta do alto de registro de precipitações, assim como no último sábado (18), quando foram gerados, também, pontos de enchente. 

"Eu tava deitada e me levantei para tomar um banho e rezar o terço. Eu estava rezando o terço aí quando a chuva encheu, eu ia morrer, porque a água já estava batendo na minha boca, mas minha netinha me tirou e foi me deixar na minha prima Luísa", disse Maria Teixeira. 

"Graças a Deus estou viva e vou rezar outro tercinho para Jesus", completou.

Danos materiais 

Filha de dona Maria, a professora Lúcia Teixeira contou que a família só conseguiu "salvar as vidas", perdendo quase todos os bens materiais e documentos que estavam guardados em casa. 

Da sala, foram retiradas a televisão e uma impressora que ela usava para trabalhar. Ainda restava a esperança da máquina de lavar voltar a funcionar, mas como a comunidade estava passando por instabilidades no fornecimento de energia, o eletrodoméstico não havia sido religado. 

"Graças a Deus estamos todos bem, fisicamente perfeitos, só os impactos materiais e psicologicamente abalados. A pressão da minha mãe subiu muito também. Foi tudo muito rápido. A água subiu muito rápido, mas desceu muito rápido também", disse. 

Ela lembrou ainda que perderam toda a documentação. "Ainda salvamos a televisão e a impressora. Meu material de trabalho, guada-roupa, eletrodomésticos, perdemos tudo. Só tínhamos visto isso em imagens de fora", completou.

Lúcia também falou sobre o medo de enfrentar a enchente em Uruburetama. 

"Foi muito rápido, pareceu filme de terror. A gente acha que nunca vai acontecer com a gente, mas aconteceu e foi horrível. Nunca tinha acontecido isso", disse.  

Irmão preso em casa 

Lúcia também revelou que o irmão, que mora em uma casa logo atrás da dela, quase morreu durante a chuva de sábado ao tentar recuperar os documentos. 

Segundo ela, o irmão acabou ficando preso quando entrou em casa. A força da água, que já chegava à altura de cerca de 1,6 metro, travou portas e janelas e o impediu de sair. 

"Por um milagre não morreu", contou.