Há um mês do início da demolição do Edifício São Pedro, na Praia de Iracema, o serviço chegou a 17% de conclusão, dentro do prazo estimado de 90 dias, nessa quinta-feira (4). No período, 20 toneladas de lixo foram retiradas dos imóveis. Não foram encontrados pertences dos antigos moradores durante a operação.
A demolição do prédio histórico começou no dia 5 de março, após o isolamento do espaço feito nos dias anteriores, com a contenção da estrutura. A derrubada acontece de cima para baixo e está orçada em R$ 1,7 milhão, pago pela Prefeitura de Fortaleza – o valor deve ser ressarcido pelos proprietários.
No momento, são usadas máquinas leves e o serviço precisa ser interrompido nos dias de chuva, para manter a segurança, devido ao estado de degradação da estrutura. Contudo, o cronograma está no percentual esperado, conforme o secretário da Infraestrutura Samuel Dias.
"Essa primeira etapa é mais lenta porque engloba todo o processo de mobilização, de cercamento da área, da instalação de escoras para aumentar a segurança e mobilizar os equipamentos", detalha o secretário.
Existem 3 níveis de cobertura com edificações no topo do Edifício São Pedro, que são mais frágeis e exigem um cuidado maior.
"Estamos usando máquinas leves nos pavimentos superiores, mas à medida que for avançando, a demolição ganha muita velocidade porque vamos usar equipamentos mais potentes", pondera.
Quem passa pelo local pode ver um grande amontoado de terra, que não é entulho, colocado para dar acesso ao 4º andar. “É uma rampa de acesso para que a máquina maior possa chegar até a edificação e ganhar mais velocidade", frisa Samuel.
Na demolição, não tinha nada de moradores originais, mas muita coisa deixada por quem frequentava ou eventualmente das pessoas em situação de rua. O prédio está bastante danificado e até a própria canalização das paredes foi arrancada em diversos lugares.
Demolição e futuro do edifício
Cerca de 70% do Edifício São Pedro pertence a uma família e os outros 30% são de outros proprietários de um ou mais apartamentos no imóvel. O valor da demolição deve ser distribuído proporcionalmente entre eles.
"Os advogados da Prefeitura já procuraram o condomínio que representa os moradores e já está num processo avançado para o pagamento desse custo da demolição que deve ser ressarcido integralmente", explica Samuel Dias.
O serviço de demolição não inclui nenhuma interferência na fundação do prédio. Sobre o futuro do terreno, Samuel afirma que ainda não há uma sinalização do que deve ser construído.
"Ao término da demolição, a Prefeitura vai devolver o terreno aos proprietários e, a partir daí, eles deverão ou não fazer um novo projeto de construção no terreno que deve ser avaliado no contexto urbanístico como todos os projetos", conclui.
Pessoas em situação de rua
O prédio que nasceu como Iracema Plaza Hotel abrigava, pelo menos, 16 pessoas em situação de rua antes da demolição. O atual Edifício São Pedro, que teve demolição iniciada há um mês, foi desocupado pela Prefeitura de Fortaleza no dia 1º de março.
Dois casais e 12 homens “moravam” na estrutura abandonada, “que estava oferecendo riscos a essas pessoas”, como destacou Francisco Ibiapina, titular da Secretaria de Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS), em entrevista ao Diário do Nordeste.
“Pela situação de abandono que os proprietários deixaram, passou a ser um local de abrigamento precário pra pessoas em situação de rua, bem como era um espaço que as pessoas vinham para usar substâncias psicoativas, a chamada cena de uso”, pontuou.