O Colégio da Polícia Militar do Ceará gerou polêmica nas redes sociais ao convidar a comunidade escolar para um culto evangélico, na manhã dessa quinta-feira (29). O "culto em ação de graças" ocorreu no ginásio poliesportivo da instituição, às 7 horas — portanto, horário de aula.
Nos comentários do convite feito no Instagram do 1º CPM General Edgard Facó, a influenciadora Leila Germano provocou: "Virou colégio evangélico? Achei que era militar. O Estado sabe disso?". Em resposta, a instituição disse: "O estado é laico, nós não somos", e recomendou à influenciadora assistir ao filme "Até o Último Homem" (2017), dirigido por Mel Gibson.
Em nota enviada ao Diário do Nordeste na noite desta sexta (30), o Colégio da Polícia Militar alegou que o evento religioso partiu de um "pedido da própria comunidade escolar" e afirmou estar aberto a "todos os credos e opiniões". Sobre a resposta dada à influenciadora Leila Germano no Instagram, a instituição "lamentou a forma equivocada que foi expressada na ocasião" e informou que tomou "medidas necessárias para que não ocorra novamente".
Repercussão nas redes sociais
Leila publicou a história em suas próprias redes sociais, ainda na quinta-feira. Na postagem que fez no 'X', antigo Twitter, ela, inclusive, marcou o governador Elmano de Freitas (PT) e o ex-governador e atual ministro da Educação, Camilo Santana (PT), para se posicionarem sobre o assunto.
Nos comentários da publicação, vários seguidores da influenciadora criticaram a postura do colégio militar. "E ainda estão postando o vídeo do culto para mostrar que não são laicos mesmo. Cadê o Ministério Público?", incitou um.
"Sou uma defensora perpétua do ensino e do Estado laico. Já comprei muita briga por isso e vou continuar, sempre. Se há alguma esperança, eu sou a prova. Estudei também em colégio militar e com capela/missa dentro. Isso é muito errado", criticou outra.
Celebrações religiosas estariam sendo 'obrigatórias', segundo aluna
Uma estudante do ensino médio do 1º CPM General Edgard Facó, que não será identificada, comentou que celebrações católicas e evangélicas são comuns na escola. "Já teve outra vez, missa e culto. [...] Mas, só ficava quem quisesse participar. Tanto que fiquei na missa, participei. [...] As outras pessoas iam para as suas salas e esperavam terminar", disse.
Contudo, de acordo com ela, tanto a última missa — celebrada no dia 1º de agosto — como o culto desta quinta foram passados para os alunos como sendo "obrigatórios".
Dessa vez, agora, eles obrigaram todo mundo a assistir [missa e culto]. Tanto católico como evangélico. Tinha cadeira na quadra e o restante [dos alunos] ficava nas arquibancadas. Mas todo mundo teve que ficar até terminar a missa. E fizeram a mesma coisa hoje, com o culto. Todo mundo teve que ficar na quadra".
Bíblia nas escolas
Em 14 de agosto, deputados estaduais aprovaram um projeto para disponibilizar bíblias nas escolas públicas do Ceará.
A matéria, de autoria do deputado Apóstolo Luiz Henrique (Republicanos), chegou a ter ampla defesa da base governista após o governador Elmano prometer, em um evento evangélico, que colocaria o livro sacro em todas as unidades de ensino do Estado.