Deitar numa rede armada embaixo da sombra de uma árvore, com o vento correndo e tempo livre para ler um livro. O cenário seria paradisíaco para adultos, mas é parte da rotina de crianças da Creche Viva Criança, no município de São Gonçalo do Amarante, na Região Metropolitana de Fortaleza.
O “mini redário”, projeto intitulado como Redes do Saber, foi criado na unidade municipal como forma de incentivar o contato dos pequenos de 3 a 5 anos com a leitura e “promover o desenvolvimento das crianças de maneira lúdica e prazerosa”, como pontua a diretora da creche, Cintia Fontenele.
“As crianças amaram, elas reagiram com muito encanto com essa nova forma de leitura. Os pais também ficaram bastante encantados com o projeto, pois foi uma forma criativa de chamar a atenção dos seus filhos para o processo de leitura e aprendizagem”, frisa a gestora.
A instituição comporta 87 alunos em idade de creche e pré-escola, e foi o primeiro dos 34 centros infantis da cidade a receber a iniciativa. O “Redes do Saber” já chegou a outras três unidades e deve ser expandido para todas, como projeta o secretário municipal de Educação, Junior Oliveira.
“Começamos com colchonetes, e em junho tivemos a ideia: ‘será que se colocar uma rede a criança conseguiria dormir?’ A princípio era isso, ajudar no sono. Depois, testamos com os livros, e as crianças gostaram. Vimos que daria certo, aliando leitura ao que o cearense gosta, que é a rede”, descreve o gestor.
A diretora da creche conta que a construção do mini redário foi idealizada Secretaria da Assistência Social, e que o momento de leitura dos pequenos “ocorre no início do dia, durante a acolhida que é realizada com todos os professores assim que as crianças chegam”.
‘Hora da redinha’
O secretário Junior Oliveira comemora a boa recepção das crianças à ideia e destaca que a iniciativa simples, mas criativa, reflete um esforço dos trabalhadores da educação para tornar o aprendizado atrativo e efetivo.
“As crianças já sabem que ‘é a hora da redinha’. O professor de educação infantil acaba precisando ser mais criativo, e precisa adaptar os ambientes dentro e fora da sala de aula, porque as crianças têm maneiras diferentes de aprender. É uma sala de aula invertida”, diz.
A estratégia, aliás, pontua o secretário, é apenas uma entre uma cartela de medidas do município voltadas ao fortalecimento da leitura. “Em 2021, tivemos um programa chamado ‘Nas ondas da leitura’, e oportunizamos aos alunos a criação de contos e histórias do município”, inicia.
“Eles iam pra casa, ouviam as histórias que os avós, pais e tios falavam, e relatavam. E isso gerou um livro. Temos dois livros autorais dos alunos, junto com os professores, com ilustrações dos alunos. Foi nosso projeto de retomada da pandemia, em 2021 e 2022”, relembra Junior.
Já em 2023, o município aderiu ao programa Cantinho de Leitura, do Ministério da Educação (MEC), que funcionou como “pontapé inicial” para o surgimento dos mini redários.
“Boa parte das escolas e creches contam com os Cantinhos, pelo âmbito federal ou municipal. E foi a partir disso que pensamos: quais as outras estratégias pra chegar na educação infantil?”