De dia, as temperaturas máximas têm atingido índice 2,5ºC acima do normal – com cidade registrando mais de 35ºC, no Ceará, neste início de maio. De noite, o ventilador não dá conta do tempo abafado. Os cearenses enfrentam dias de calor intenso desde o fim de abril, como avalia a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).
Não há nem o alívio dos ventos, que também estão mais fracos neste período: a velocidade está em torno de 16 km/h quando normalmente estaria 19 km/h. Com isso, os termômetros nas ruas mostram as altas temperaturas, mas a sensação térmica é ainda mais alta.
Existem, pelo menos, 3 fatores que explicam isso: calor intenso com a redução das chuvas, alta umidade e ventos fracos. As cidades com temperaturas máximas mais altas, até o momento, são Jericoacoara (35,3ºC), Varjota (34,5ºC) e Amontada (34,3ºC) como mostram os dados da Funceme até esta quarta-feira (10).
As temperaturas máximas são medidas por volta de 14h e os dados são comparados com as medições de um período de 30 anos. Essas informações estão disponíveis para apenas 12 cidades no Estado, como detalha Meiry Sakamoto, gerente de meteorologia da Funceme, mas as altas temperaturas chamam atenção de um modo geral.
“Em maio a normal climatológica para Fortaleza é 30,8ºC, mas nós já tivemos registros de 32,4ºC neste mês. Então, isso mostra que de fato a temperatura máxima está ficando acima da normalidade”, detalha.
Desde o início do mês, vários municípios registram máximas com valores acima de 33ºC, o que é acima dos valores normalmente observados no mês.
“Para ter uma ideia, das normais climatológicas calculadas para o Ceará, nenhuma em maio passa desse valor. Então, está tudo acima entre 1ºC, 1,5ºC e até 2ºC acima do que seria esperado de temperatura máxima no Estado”, acrescenta Meiry.
Os termômetros mostram temperaturas máximas mais altas, mas a sensação térmica é o que está acabando com a gente
Noites de calor
Apesar da temperatura máxima ser registrada ainda no início da tarde, o “calorão” se prolonga e avança pela noite, como observa Meiry Sakamoto. Por isso, está difícil se livrar do desconforto térmico mesmo à noite.
“Outra coisa que colabora é a velocidade do vento, que está fraca, praticamente não tem vento. Então, essa mistura de ventos fracos, umidade e temperatura alta define a sensação térmica”, frisa a especialista.
Mesmo na capital cearense, privilegiada pela brisa refrescante, não tem vento suficiente nem para balançar as árvores.
“À noite a umidade está mais alta e o vento está muito fraco, não tem nem brisa direito, e isso está tornando as noites mais abafadas. As pessoas, mesmo com ventilador em casa, estão com dificuldade de dormir”, conclui Meiry.
Redução das chuvas
Maio é o último mês do período que concentra as chuvas no Ceará e por isso as precipitações têm menos volume e atingem menos cidades.
Enquanto em abril, a normal histórica é de 188 mm, em maio o valor cai para a metade, com 90,6 mm. Neste ano, todos os meses ficaram dentro da normal e março, com 300 mm, superou o valor médio de 203.4 mm.
As médias diárias de chuvas em todo o território, nos primeiros dias deste mês, não atingiram nem mesmo 10 mm. Algumas chuvas mais localizadas, no entanto, foram registradas de forma intensa. Em Pires Ferreira, na Ibiapaba, foram 115,2 mm no dia 3 de maio.