A curva que mostra as vidas perdidas para a Covid voltou a subir e o registro de mortes cresceu mais de 4 vezes entre a última semana epidemiológica de junho e a primeira de julho. No período, o total passou de 7 para 31 óbitos por complicações ligadas ao coronavírus - aumento de 343%. Ainda assim, as mortes são bem menores do que em outros momentos de alta transmissão.
A última vez em que o Estado registrou mais de 30 mortes por Covid em uma semana foi entre os dias 6 e 12 de março, quando houve 31 óbitos. Os números mais altos de morte permanecem em julho: 16 óbitos foram registrados entre os dias 3 e 9 do mês.
Não houve registro de mortes nos dias 29 de maio até 4 de junho. Os dados são da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) atualizados nesta segunda-feira (11) e estão distribuídos conforme a divisão de calendário feita pelo Ministério da Saúde.
Os dados podem ser alterados, porque as mortes em investigação são referentes aos exames ainda em análise para verificar se o paciente estava infectado pelo coronavírus. Confira a variação por semana epidemiológica:
Embora os números de mortes estejam em crescimento não se aproximam de momentos mais críticos registrados neste ano. O fim de janeiro é uma amostra disso: entre os dias 23 e 29 foram 332 vidas perdidas para a doença.
O atual crescimento acontece num contexto de aumento dos casos da doença. Em junho, por exemplo, 4 a cada 10 exames apontavam a infecção pelo coronavírus no Ceará - naquele mês foram feitos 57.985 testes e 23.435 casos foram confirmados (40,4%).
Por outro lado, Fortaleza não registra óbitos por Covid há quase um mês e meio. O último paciente vítima da doença morreu no dia 24 de maio, como registra a plataforma IntegraSUS da Sesa.
“A gente está com um número muito maior de casos e as mortes são proporcionais a isso, embora a gente tenha um número muito menor em relação ao ano passado e ano retrasado”, explica Mônica Façanha, infectologista e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Essa menor mortalidade está ligada a proteção das vacinas contra as formas graves da Covid e os ajustes no tratamento de pacientes ao longo da pandemia. Por isso, a infectologista reforça a importância de cumprir o calendário vacinal.
“Precisamos ter fé nas vacinas e acreditar que funcionam, porque quando temos mais gente sem vacina, tem mais transmissão e os vírus vão alcançar as pessoas que não estão imunizadas”, alerta sobre o risco de mortes em que não está protegido.
Novas subvariantes e reinfecção
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Ceará confirmou a presença das subvariantes mais transmissíveis do coronavírus, a BA.4 e BA.5, no Estado na última semana. Os especialistas indicam que essas formas do vírus são associadas a casos de reinfecção.
Com isso, pode haver um aumento de casos porque a forma do vírus é diferente daquela que já circulou em outros momentos de maior transmissão.
“Toda hora a gente está sabendo de outra variante e precisamos estar atentos para vacinar, porque enquanto a imunização for efetiva estamos protegidos”, completa Mônica.