Deixar de lado o cinto de segurança quando se está no banco de trás do carro, apesar de ser prática comum, amplia a vulnerabilidade para acidentes graves de trânsito. O caso com Rodrigo Mussi, ex-participante do Big Brother Brasil 22 arremessado do veículo durante um trajeto corriqueiro, evidencia a relevância do equipamento.
Os passageiros sem cinto de segurança permanecem em movimento mesmo com a colisão do veículo. Isso faz com que a pessoa sofra um impacto equivalente a mais de 10 vezes o peso do corpo.
Com isso, são comuns lesões na face, traumatismo da coluna cervical, craniano e até cranioencefálico, em situações mais graves. Traumas de abdomen, chamados popularmente de rupturas do fígado e baço, também acontecem. A gravidade dos casos muda conforme o tipo de veículo, a velocidade e o peso corporal.
No caso de Rodrigo, sem cinto de segurança, foi constatado traumatismo craniano e fraturas pelo corpo. O motorista, que teria cochilado, teve somente ferimentos leves. Até a noite desta quinta-feira (31), o estado de saúde do influenciador era considerado delicado, porém estável.
“É como se seu corpo acompanhasse a velocidade do carro, na colisão, o corpo continua até ser parado. O cinto age dessa maneira: rapidamente trava e o corpo para junto com o carro. Então, não tem essa variação de velocidade”, explica Khalil Feitosa, médico emergencista.
No Ceará, a falta do uso do equipamento é comum. Apenas 53,3% dos cearenses adultos sempre usam o cinto de segurança no banco de trás quando andam de carro, conforme a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), divulgada em agosto de 2021. Ou seja, cerca de 47% dispensa o equipamento.
O índice é menor em relação aos adultos na parte da frente dos automóveis: 70,6% sempre usam o equipamento ao dirigir no Estado. Os dados foram colhidos em 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e correspondem às estimativas populacionais.
"Os condutores têm uma falsa sensação de segurança, porque nas cidades desenvolvem menores velocidades em relação às rodovias”, observa André Correia, coordenador de fiscalização da Iniciativa Bloomberg para Segurança Viária Global.
A falsa percepção de que não acontecem acidentes graves na cidade é um dos motivos para a dispensa do uso do cinto de segurança. O banco de trás, inclusive, é um ambiente ainda mais seguro quando a proteção é feita da forma correta.
Ocupantes do banco traseiro têm até 75% menos chance de lesões fatais em caso de acidentes, conforme estudos internacionais citados por André Correia. Para quem está no banco dianteiro, essa taxa é de até 50%.
Em conjunto com outras ferramentas de proteção, a segurança dos passageiros é acentuada. "O cinto potencializa para que não haja lesões graves e colabora com outros dispositivos de segurança, que o veículo possa ter, como o airbag", frisa.
O uso do cinto de segurança é obrigatório para todos os ocupantes de um carro, conforme o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). O descumprimento da regra é considerado uma infração grave e a multa é no valor de R$ 195,23.
Risco ampliado
Além da própria vida, os passageiros sem cinto de segurança também ampliam o perigo de danos mais sérios aos demais ocupantes
Esse impacto pode até quebrar a estrutura do carro, machucando quem está na frente. "Eu já atendi vários sinistros de trânsito em que, quando cheguei, todas as pessoas estavam mortas e os bancos dianteiros estavam quebrados”, lembra.
É um risco muito grande pelo motivo de que, quando o passageiro se encontra no banco traseiro sem o cinto de segurança, no momento do impacto, é automaticamente projetado para os bancos da parte dianteira do veículo
O risco desse choque com os outros passageiros é ressaltado também pelo médico emergencista. “Os passageiros sem cinto, em uma colisão ou capotamento, potencializam as lesões, bem como se colocam como uma arma e podem lesionar outras pessoas”, frisa Khalil.
Além do cinto de segurança, a cadeirinha é fundamental para a proteção dos pequenos. "Dependendo de como foi a colisão ou o choque do veículo, o passageiro traseiro também pode ser projetado para fora do carro. Isso acontece com crianças que não usam cadeirinha", destaca André.
Ao presenciar um acidente, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) deve ser acionado para o socorro e também orientações. “Acontece de várias pessoas presenciarem o acidente e às vezes confiam que outros vão ligar, mas acabam não ligando. O tempo é primordial”, ressalta Khalil.