De toda a população cearense com 18 anos ou mais de idade, 94,5% se declara heterossexual, de acordo com um levantamento inédito do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta quarta-feira (25).
O dado é da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS): Quesito Orientação Sexual, realizada em 2019. Segundo o Instituto, por ser a primeira vez que o estudo é feito, as estatísticas apresentadas são “experimentais” e devem ter qualidade e relevância avaliadas.
Das 6,8 milhões de pessoas adultas no Estado, o contingente heterossexual seria de 6,4 milhões. Por outro lado, 81 mil pessoas (1,2%) seriam homossexuais ou bissexuais, enquanto 287 mil (4,2%) se recusaram a responder ou não sabiam sua orientação sexual.
O método escolhido foi a autoidentificação dos entrevistados, embora o IBGE reconheça que “o fato de uma pessoa se autoidentificar como heterossexual não impede que ela tenha atração por ou relação sexual com alguém do mesmo sexo”.
Além disso, a PNS percebe que pode haver viés de resposta por:
- possibilidade de o entrevistado fornecer uma resposta que considere mais bem aceita socialmente;
- falta de privacidade no momento da entrevista;
- dificuldade de entendimento dos termos empregados;
- receio de se autoidentificar como não heterossexual, “sobretudo em cidades pequenas”
Em Fortaleza, o percentual é ainda maior: 95,1% dos mais de 2 milhões de habitantes se autodeclaram heterossexuais. A população de homossexuais e bissexuais na Capital seria de 30 mil pessoas (1,5%). Além disso, 70 mil (3,4%) não souberam ou não quiseram responder.
Políticas públicas
No Nordeste, Fortaleza é a capital com menos pessoas não-heteronormativas, empatada com Salvador. Já as maiores populações de homossexuais e bissexuais estão em Natal (4%) e Aracaju (3,5%).
Em todo o país, a PNS descreve que a população de homossexuais ou bissexuais totalizava 2,9 milhões de pessoas, representando cerca de 1,8% dos brasileiros de 18 anos ou mais de idade.
Esse percentual foi maior entre os mais jovens (18 a 29 anos de idade), com 4,8%; aqueles com nível superior completo (3,2%) e com renda per capita superior a cinco salários mínimos (3,5%).
Para o IBGE, a investigação é oportuna para a elaboração de políticas públicas voltadas para a população não heteronormativa, além do “monitoramento de potenciais desigualdades de aspectos sociais e de saúde, segundo as diferentes orientações sexuais”.
Pesquisa no Ceará
Desde 2021, uma pesquisa estadual sobre a população LGBT+ está sendo realizada pela Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS) do Governo do Estado.
A pesquisa inclui temas como habitação; etnia e raça; deficiência; educação; trabalho e renda; saúde e segurança pública. O formulário eletrônico para recebimento de respostas já foi encerrado.
Os dados serão analisados pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) e devem ser divulgados até 28 de junho de 2022, com o objetivo de construir e fortalecer políticas públicas.
No último dia 17 de maio, foram empossados os integrantes da primeira legislatura do Conselho Estadual de Combate à Discriminação LGBT, para o biênio 2021-2023.