Uma aventura em meio à natureza e aos sítios paleontológicos de Itapipoca

Nessa viagem pela história é possível conferir vestígios dos primeiros habitantes de Itapipoca, na Zona Norte do Estado

Conhecida como a "terra dos três climas", Itapipoca reúne em seu território praia, serra e sertão. Mas a diversidade do município é muito maior que o trio anunciado no título. Conheci a cidade com a missão jornalística de mostrar a riqueza fossilífera da região, que há milhares de anos abrigou animais gigantes da megafauna, entretanto, me surpreendi com as belezas naturais que vão muito além da famosa Praia da Baleia.

Apesar do grande potencial, o turismo é pouco explorado e o acesso às paisagens de Itapipoca, na Zona Norte do estado, acaba comprometido. É o caso da Pedra Ferrada, na localidade Mucambo. Além da vista incrível, a 350 metros do nível do mar, o lugar ainda preserva um raro tesouro: inscrições rupestres avaliadas como as mais antigas do Ceará. Para ver as pinturas de perto é preciso percorrer um longo caminho.

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Deixei a sede de Itapipoca acompanhada do repórter cinematográfico Paulino Júnior, da TV Diário, para fazer a série Ceará Pré-Histórico. Completou a nossa equipe o paleontólogo Celso Ximenes e o historiador Adson Benevides que, apesar de conhecerem bem a região, acharam mais prudente pedir ajuda de um guia local. Assim, conheci o seu Chagas, agricultor de 75 anos, que trabalhou a vida inteira nas terras de Mucambo. Veja uma das reportagens da série "Ceará Pré-Histórico":

Com a equipe completa, era hora de começar a aventura. Partimos de carro, percorrendo estradinhas estreitas de terra, mas logo a mordomia acabou e tivemos que seguir a pé. Apesar de ser bastante conhecida, a Pedra Ferrada é pouco visitada. Tanto que a trilha estava tomada por mato. Com uma foice, seu Chagas foi abrindo o caminho. E assim fomos refazendo os mesmos passos percorridos há milhares de anos pelos paleoíndios, os primeiros habitantes de Itapipoca.

Forma de tenda

Até chegar à Pedra Ferrada foram mais de três horas de caminhada, tempo que poderia ter sido menor se não tivéssemos parado tantas vezes para registrar as belezas do lugar. No topo, diante da vista do vale, o cansaço desapareceu. Além do visual, a pedra por si só já chama atenção. Ela tem forma de tenda, perfeita para acolher aqueles que ousaram chegar até lá. Foi assim com a nossa equipe e há milhares de anos, quando os paleoíndios transformaram o lugar em abrigo.

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Enquanto descansavam, os primeiros habitantes de Itapipoca também registravam a rotina por meio de pinturas nas pedras. As ilustrações resistiram ao tempo e podem ser admiradas ainda hoje, apesar das pichações. Mesmo diante das intervenções humanas, a natureza impera na Pedra Ferrada com suas pinturas rupestres, um verdadeiro bônus histórico e cultural.

A trilha surpreendeu, mas o melhor ainda estava por vir. No dia seguinte, conhecemos o Sítio Paleontológico Lajinhas, com tanques naturais em pleno sertão nordestino. Especialistas estimam que Itapipoca tenha cerca de 80, espalhados por diferentes pontos da cidade. Esses tanques são resultados da erosão nas rochas e serviam de fonte de água para os animais da megafauna. Milhares de anos depois acabaram se transformando em fonte de fósseis da região.

Logo na entrada, fomos recebidos por um enorme tanque natural. Tão grande que quase desaparecemos ao lado dele. Do alto da rocha, mais uma surpresa: o sítio é cercado pelo verde. A vegetação da caatinga, espalhada por todos os lados, contrasta com o cinza da pedra. Os xiquexiques confirmam: estávamos no sertão. E os tanques naturais cheios d'água transformam o Sítio Lajinhas num verdadeiro oásis.

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O pôr do sol deixou tudo ainda mais bonito. O céu amarelado e a cantoria de pássaros, grilos e sapos completaram o cenário. Paramos por alguns instantes para admirar e fotografar. Quando parecia não faltar mais nada, a lua cheia despontou no céu. Realmente, Itapipoca agrada qualquer um, terra para todos os climas!

Três climas em uma cidade

Sertão - Sítio Paleontológico Lajinhas (Cajazeiras, zona rural)

Como chegar: Com ajuda de guias ou, a partir da sede municipal, segue pela CE-354 em direção a Amontada, por 12 km, até a entrada para a Lagoa das Carnaúbas, à direita. Deste ponto, continua em estrada carroçal por mais 1,5 km até o primeiro povoado, onde há uma bifurcação, na qual se deve dobrar à direita por mais 2,5 km, até Cajazeiras.

- Pedra Ferrada ( Mucambo, na zona rural)

Como chegar: com ajuda de guias locais. Contato: Adson Benevides (historiador) (88) 9951.5431 Serra -Pedra da Itacoatiara (Distrito do Arapari) Boa opção para quem gosta de esportes radicais como rapel e voo livre; um grande patrimônio natural arqueológico e paleontológico, tanques fossilíferos e grutas com inscrições rupestres. Como chegar: Da sede de Itapipoca, segue pela CE-168 até a Igreja Nossa Senhora das Merces, dobra na Rua Três e vai até a entrada da trilha.

- Açude Quandú (Distrito do Arapari): Ótima opção para banho sobre o leito do Riacho Quandú, um dos afluentes do rio Mundaú, a 300 metros acima do nível do mar.

Como chegar: Da sede de Itapipoca são 25 minutos de carro, seguindo pela CE-168 Praia -Praia da Baleia (Distrito de Baleia) Localizada a 55 quilômetros de Itapipoca, a Baleia tem mar de águas transparentes e tranquilas, um cenário de coqueirais, dunas, lagoas, lagos e jangadas. Como chegar: Da sede de Itapipoca segue por 50 minutos de carro pela CE-168.

Como ir de Fortaleza para Itapipoca

De carro 
Pela BR 222 até a BR-402 que leva à sede do município. O percurso tem cerca de 135 km, com duração de duas horas e meia.

De ônibus
A empresa Fretcar tem ônibus saindo de hora em hora da rodoviária de Fortaleza 
Rodoviária de Fortaleza
Endereço: Avenida Borges de Melo, 1630 - Fátima
Telefone: (85) 3256-2200