Ao receber o convite para interpretar Francisco de Assis Pereira, conhecido nacionalmente como o Maníaco do Parque, Silvero Pereira pensou profundamente em apenas um detalhe: “eu me preocupava em dar conta do recado”, contou ele em entrevista ao Diário do Nordeste. Dias antes do longa estrear, nesta sexta-feira (18), no streaming Prime Video, o ator cearense e a colega de elenco, Giovanna Grigio, explicaram sobre a preparação árdua diante de uma história baseada em fatos reais e, além disso, como o filme poderia significar uma nova etapa como artistas.
Silvero, sem dúvidas, lembra do primeiro convite para o longa e do que o fez aceitá-lo. Para o ator, que tem no currículo novelas, filmes e peças de teatro, essa seria a oportunidade de mostrar ainda mais do que é capaz, demonstrando a necessidade pulsante de se aventurar na própria profissão.
Veja o trailer:
“Acho que aceitar esse projeto tem muito a ver sobre como eu acreditei que essa pode ser uma grande virada na minha trajetória como ator”, confessou o artista. “Não é só algo da nossa região, acho que é uma imagem geral nacionalmente, no mercado audiovisual mesmo. Alguns outros personagens do cinema e do streaming me trouxeram isso, mas esse leva a um novo patamar”, complementou Silvero, lembrando do estereótipo de outros personagens que interpretou anteriormente.
Na última terça-feira (15), ele esteve, assim como Giovanna, em Fortaleza para uma pré-estreia do filme. 'Maníaco do Parque: um serial killer brasileiro' tem produção da Prime Video e reconta, de forma fictícia, os crimes cometidos por Francisco de Assis, condenado pelos crimes de estupro, estelionato, atentado violento ao pudor e homicídio, responsável pela morte de 11 vítimas nos anos 1990.
Novo olhar na carreira
O cearense lembra que, como “homem LGBT e nordestino”, o convite também seria a chance de mostrar que a vida pessoal dele não é o único fator a ser considerado para a escolha de papéis. Como protagonista, obviamente, o potencial de uma nova etapa se multiplicou por centenas.
“Fazendo um protagonista de um projeto como esse, de um personagem que não tem nada a ver com minha vida pessoal, só demonstra o quão o mercado pode abrir os olhos para os atores como um ofício e não como algo pessoal. A gente não pode ser taxado e construir personagens para os artistas apenas pelo que já está ali exposto sobre eles na vida social. Precisamos olhar como de fato profissionais capazes de interpretar qualquer tipo de personagem”, lembrou.
Diante de tal desafio, inclusive, pode-se imaginar que ele teria se preocupado com inúmeros fatores, pesado na balança ou até mesmo pensado em desistir antes do aceite final. Entretanto, Silvero garantiu que nem tantas preocupações surgiram assim.
“A única coisa que me preocupava era dar conta do recado. Saber que eu estou fazendo um personagem que está no imaginário coletivo, então isso já é uma dificuldade”, garantiu ele. O ator sabia que o fato de a história ser tão marcante para muitos brasileiros seria algo a ser considerado.
“As pessoas já tem essa imagem de quem é o Francisco, de quem é o maníaco. Então, me preocupava muito em assumir esse papel e corresponder a ele, claro. Mas eu sempre falo que sou muito atrevido, que não nego nada que ninguém me oferece, daí eu disse: vamos lá, eu topo! Eu vou dar o máximo de mim, como sempre faço em todos os projetos que acredito e foi, claro, um grande presente”, ressaltou.
Preparação intensa
Silvero conta que ambos atores vivenciaram a história de “maneira muito técnica” no processo que antecedeu as gravações. “Tivemos muita preparação de elenco e nos dispomos mesmo a construir essa história de uma maneira muito racional, uma racionalidade que até nos possibilitou não se envolver emocionalmente com a história, que tem uma carga dramática muito forte”, garantiu na entrevista.
O trabalho foi bastante árduo nesse caminho. “As cenas de grande movimento, além da coordenação de intimidade, que é uma função bem nova nesse mercado aqui no Brasil, a gente tem nesses processos uma coordenação mesmo. Todas as cenas de agressão, por exemplo, eram bastante coreografadas, o que ajudou muito a gente nesse objetivo”, disse.
Tratar de uma história tão triste como essa, que chocou o Brasil e vive no imaginário até hoje, exigiu dos artistas uma consciência bastante profunda da arte como meio de retratar temas importantes.
“Nós tivemos muita preparação para tudo. Para mim, como ator, o público que precisa se emocionar e não o ator. Nós precisamos ser esse meio de condução da emoção, que é o que acredito que fizemos aqui”, finalizou.