Cantora, compositora, gestora e produtora cultural, Lorena Nunes faz da música linguagem que rompe fronteiras. Diz que foi a intuição que gritou sua vocação. Depois disso abriu mão de uma carreira no audiovisual para se encontrar no palco. Foi construindo sua trilha no coletivo com outros artistas cearenses e reforçando que há muita criatividade, sensibilidade e identidade nas novas vozes que fazem a música do Ceará.
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De lá pra cá já são 13 anos de carreira. Muito do que compartilhou durante entrevista no episódio desta quinta-feira (11) do Que Nem Tu. Ela falou sobre o início cheio de incertezas, a decisão de já iniciar uma carreira com o foco no autoral, a busca por editais e formas de conseguir viabilizar os álbuns e circular pelo país e fora dele com suas canções.
Lorena tem em seu currículo três álbuns lançados, shows em várias cidades dentro e fora do Ceará, participações em festivais e apresentações internacionais em Cabo Verde, Espanha, Itália, Portugal, França e Bélgica. Com "Alegria Amarela", hit que extrapolou e furou a bolha do público, ela desaguou em muitos outros mares.
"A música é tão forte que tem gente que conhece a música e não me conhece. Pra mim é maravilhoso e é isso que a gente quer: que a nossa música fure bolhas e chegue nesse lugar. 'Alegria Amarela' é meu hit. Todos os lugares que eu vou tem muitas músicas que eu sinto que conectam. 'Alegria Amarela' fala com todo mundo", conta ela. A cantora se diz grata por ter recebido a canção como presente e garante que nunca se tornou um peso para repetir o feito com outras músicas.
Ela garante que a formação em publicidade a ajuda a administrar a carreira de uma forma mais profissional, pensando em estratégias de embalar sua produção e conseguir ter tempo para trabalhar mais e melhor com o público. Encontrando um caminho que vai na contramão do modelo "fastmusic", ela diz que não negocia o tempo do seu processo de produção e relata a luta para manter a coerência no mercado musical.
"Eu acredito muito no poder da verdade, dessa coerência, que é o que cria essa autenticidade e me faz única. É isso aqui: a Lorena. Quer se conectar com isso aqui? Vamos nessa. Tá fazendo sentido pra você? Me abraça. Eu não acredito que seja verdadeiro eu embalar meu trabalho de uma maneira que eu sinta que eu estou me violentando. Pra mim, embalar meus processos criativos, meu trabalho musical dessa maneira tão fugaz e meramente engatilhada não faz sentido. É violento. E eu não vou me violentar. E nem vou querer convidar as pessoas a se violentarem tbm. Não quero incentivar as pessoas a esse tipo de consumo", defendeu a multiartista.
Lorena, que continua trabalhando seu terceiro disco La Mar, revelou que já tem prontas as canções para o quarto álbum. A previsão é que ele saia do forno no primeiro semestre de 2024. Por enquanto, ela foca nos shows que viabilizarão parte da produção. E aí, depois, é um sem fim de possibilidades.
Lorena sabe que o que faz é sagrado e ultrapassa os limites da racionalidade. Está diretamente ligado à emoção. Essa sensação que fez com que ela, mesmo cantando em português fizesse um público belgo se emocionar.
"Participei de um festival na Bélgica. Eu fui dizer que a música que eu ia cantar falava sobre saudade. Quando eu me lembro daquilo eu tenho vontade de chorar porque eu fiquei profundamente emocionada. Aquelas pessoas não faziam ideia o que eu tava cantando. Mas tinha gente chorando. Uma emoção. Uma das músicas mais aplaudidas. Foi emocionante. Foi uma das experiências mais fortes que a música me proporcionou".
Ela acrescentou o momento em que percebeu que já falava a língua universal. "E quando terminou eu falei que desde muito pequena eu tenho sonho de ser poliglota. mas talvez eu já tenha realizado esse sonho porque eu falo uma linguagem que todo mundo consegue entender. A música atravessa. É a linguagem que realmente você fala de coração pra coração".