Hoje é o dia internacional da luta contra a LGBTfobia. Batalha essa cotidiana, não só pelo direito para ser quem quiser, mas também para sobreviver e ter a própria existência legitimada. Para fortalecer esse ato de resistência, a Vila da Música realiza nesta segunda-feira (17), às 19h, a live “Olhares Transversais: Narrativas sobre o Movimento LGBT” no seu perfil do Instagram.
A atividade faz parte da programação do mês de maio do equipamento, que aborda o tema “Narrativas do feminino: desafios e resistências no Brasil contemporâneo”. Na transmissão ao vivo desta segunda (17), a Vila da Música convida a assistente social e integrante do Conselho Cearense dos Direitos da Mulher, e mulher trans, Lucivânia Sousa, para debater sobre a pluralidade das existências femininas.
“A gente acaba tendo sempre um olhar muito cisgênero sobre esses debates voltados para o feminismo. (O debate) seria dentro dessa perspectiva de fomentar um olhar para todos nós entendermos as várias formas de existir enquanto mulher”.
A assistente social esclarece que as pessoas transgêneras são o segmento dentro da população LGBTQI+ que menos conseguem ter os direitos humanos respeitados. Apesar das conquistas recentes - em 2019, a transexualidade deixou de ser considerada uma disforia de gênero pela OMS - Lucivânia afirma que a luta da população trans está só começando, tendo em vista que vivemos em um país cujas as formas de existir que fogem do padrão cisgênero heterossexual são consideradas anormais, indevidas e imorais pela maioria da população.
“A nossa luta é uma luta cotidiana pelo direito fundamental, que é o direito à vida, que o direito de você ter uma trajetória de vida, a você ter narrativas, a você ter as suas subjetividades respeitadas e você conseguir sobreviver dentro de um país onde a tua identidade de gênero, a tua orientação sexual, não é considerada humana”, diz.
Para ela, a educação é a principal ferramenta de transformação e de diálogo com a sociedade. Lucivânia acredita que se a comunidade acolher, se as famílias acolherem, se essas mulheres e homens trans conseguirem ter acesso ao ensino superior, o Brasil não seria, pelo 12° ano consecutivo, o país que mais mata pessoas trans no mundo, de acordo com Observatório de Assassinatos Trans, divulgado em novembro do ano passado.
“Nós tenhamos consciência que a luta por essas existências não é apenas no dia 17 de maio. É uma luta cotidiana. As pessoas lutam diariamente para sobreviver, para ter as suas existências legitimadas. Todos os dias são 17 de maio. Que todos os dias sejam dias de luta pela existência, pela pluralidade humana, pela diversidade, que é tão inerente ao ser humano, mas ainda é tão cruelmente criminalizada e marginalizada”, finaliza.
Serviço
Olhares Transversais: Narrativas sobre o Movimento LGBT
Segunda-feira (17), às 19h, no Instagram da Vila da Música