Amor, dor, sofrimento, alegria. São muitos os ingredientes de Gonzaga Mota nos livros que traz ao mundo. Com “Poemas Reunidos” e “Assim é a Vida” não é diferente. As novas obras do escritor lançam mão de apurado olhar sobre o íntimo para mergulhar tanto em paisagens já conhecidas como em algumas ainda inéditas.
O lançamento dos dois títulos acontece nesta quinta-feira (16), às 19h, no Ideal Clube, e promete ser especial. Segundo o próprio autor, é a despedida dele da literatura. “Não me interessa mais escrever, estou com a vista ruim… Mas fiz questão de trazer esses trabalhos para o público”, diz, situando que os outros 17 livros sob sua pena estão esgotados.
“Poemas Reunidos” reúne tanto produções novas quanto antigas, de outros tempos de Gonzaga. Das 46 criações em verso no trabalho, 40 são novas. As que não são, tocaram profundamente o autor ao longo de 12 anos dedicados ao fazer literário. “É um livro praticamente inédito”, descreve.
“Quando deixei a política, me dediquei à literatura, mas principalmente à poesia e aos contos – mais ainda à poesia. Os poemas versam sobre todo tipo de sentimento. Escrevo muito de madrugada. Devido ao problema de saúde da minha mulher, acordo às 3h da manhã, vou para o gabinete e começo a escrever”.
Nessas horas, costuma trazer nas linhas o que chama de “a bela tristeza e a triste beleza”. O conceito – tão festejado pelo escritor, a ponto de querer ser este um dos legados deixado nas Letras – remete exatamente àquilo que acontece na rotina capaz de ser triste e bonito ao mesmo tempo. É desafio nosso reconhecer e presentificar esses instantes.
Todas as gentes
“Assim é a Vida”, por sua vez, traz contos de diferentes naturezas de modo a se sintonizar com o título, mostrando a existência como ela é. Um velho, uma moça, uma família desajustada e uma criança superdotada são alguns dos personagens criados e desenvolvidos pela lente esperta de Gonzaga.
Além disso, o trabalho homenageia os professores Antônio Martins Filho, Ari de Sá Cavalcante, Nilson Holanda e Mário Henrique Simonsen (todos in memoriam) e o também professor Raimundo Padilha, um dos maiores amigos do literato até hoje. São grandes influenciadores na jornada de todo dia.
O tom de tributo igualmente alcança “Poemas Reunidos”, porém sob o recorte de mulheres. Fátima Lemos, Ângela Gutiérrez, Lucinda Azevedo, Greiciane Cordeiro e Mônica Silveira são citadas por Gonzaga como artistas contemporâneas a ele e, portanto, ocupantes de um mesmo espaço literário no Ceará.
As homenagens não param por aí. Pinturas da esposa do autor, Miriam Porto Mota, estampam a capa das duas publicações, saídas pela editora Karuá. No de poemas, a tela “Tulipas ao vento” dá o tom – bem como, na contracapa, um poema de Rachel de Queiroz intitulado “Sentimentos ao vento”, outra deferência realizada por Gonzaga.
Em “Assim é a Vida”, a pintura “Casarão” ganha destaque, imprimindo mais uma vez a qualidade do talento de Miriam. “Neste momento, estou tentando mostrar o que ela nunca mostrou a ninguém. Sempre pintou muito bem, mas nunca ganhou nada por isso. Fazia doações, dava de presente a amigos. Ainda assim, fez a capa de outros 14 livros meus”.
Embebido por todas essas referências, companhias e inspirações, o narrador arremata: “Não sou poeta de um tema só. Sou poeta da bela tristeza e da triste beleza”.
Serviço
Lançamento dos livros “Poemas Reunidos” e “Assim é a Vida”, de Gonzaga Mota
Nesta quinta-feira (16), às 19h, no Ideal Clube (Av. Monsenhor Tabosa, 1381 - Meireles). Obras à venda no local e, depois, por meio da editora Karuá. Contato: (85) 3248-5688