Gestantes preparam o corpo e a mente para garantir um parto saudável

Atividades físicas durante a gestação aliviam as dores corporais e o estresse habitual do período, além de favorecer para um parto natural saudável e uma recuperação mais rápida

Passar horas sentada na mesma posição e lidar com a pressão do atendimento ao cliente de uma agência bancária faz parte da rotina da cearense Tamires Borges. Normalmente, a musculação era o meio utilizado para alcançar o equilíbrio de uma vida saudável, mas uma restrição médica a obrigou a cessar os treinos por um período. Ao descobrir a gravidez, Tamires lançou uma intimação para si: voltar a fazer atividade física em busca de uma gestação plena.

"Eu não consigo ficar parada. Tenho que estar me mexendo, fazendo alguma coisa. Eu iria ficar muito estressada se não fizesse nada", expressa a inquietude. O pilates foi a escolha para a retomada. Segundo ela, a decisão foi motivada devido a atividade contribuir para tornar corpo e mente sãos. "O meu trabalho é um pouco estressante, mas depois que entrei no pilates, percebi que deu para aliviar mais", compara.

Aos sete meses de gestação, Tamires faz planos para submeter-se a um parto natural. Para isso, ela conta que o pilates foi fundamental. "Porque se o bebê estiver sentado, tem certos movimentos que eu posso fazer para virá-lo e poder encaixar".

Ela tem razão. A prática é responsável por "benefícios enormes" para as grávidas que pretendem realizar um parto pélvico, de acordo com Lena Martins, fisioterapeuta especialista em Saúde da Mulher e proprietária do Club Gestantes e Bebês. "Com 36 semanas, a gente faz exercícios preparatórios para o parto, que é justamente para o bebê encaixar, para a mulher ter um parto mais tranquilo".

O método auxilia ainda no tratamento de desconfortos que se manifestam ao longo das semanas de gestação, como alterações posturais e dores na lombar. "Trabalhamos exercícios para fortalecimento e alongamento, adaptados para cada trimestre da gestação".

Outro aliado poderoso da mulher nos cuidados durante esse período é o ioga. A prática milenar contribui para desenvolver uma percepção corporal e ajuda na saúde mental. "Na gestação, a mulher tem muita coisa para resolver, às vezes pressão familiar, então se trabalha a ansiedade dela".

Reestruturação pós-parto

Ambas as práticas também favorecem ao retorno mais rápido do corpo ao combater a diastase abdominal, uma separação entre os músculos do abdômen ocasionada durante a gestação. O problema atinge cerca de 30% das mulheres após o parto, conforme a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e, se não for tratado, pode gerar dores nas costas e nas pernas.

"Durante a gestação, a mulher sofre pelo afastamento do músculo, que é o reto-abdominal. Quando ela tem o bebê, essa musculatura fica aberta e gera desconforto, flacidez no abdômen, isso incomoda muito", situa a fisioterapeuta. A especialista descreve que a reestruturação acontece por meio de posturas específicas e respirações que trabalham o fortalecimento abdominal.

Periodicidade e restrição

A profissional aconselha que as grávidas pratiquem alguma atividade física diariamente, mas, caso não seja possível, a frequência seja de pelo menos duas ou três vezes por semana. "As que não podem fazer mais que isso, a gente orienta, pelo menos, uma caminhada de 15 a 20 minutos, diariamente. Para que todo dia o corpo esteja em atividade física".

Lena Martins ressaltou, no entanto, que apenas em alguns casos, as gestantes não devem realizar exercícios rotineiramente. "Em casos de aborto, sangramento, dores físicas ou quando a bolsa está com pouco líquido. Tem que ter liberação médica para ter segurança na atividade. Depois disso, elas estão prontas para as práticas até 40, 42 semanas de gestação, tranquilamente".