Filme raro e instalação imersiva trazem experiência inédita da obra de Chico da Silva no MIS-CE

Exposição gratuita permite experiência sensorial única aos visitantes

As figuras e encantos de Chico da Silva ganham formato inédito em Fortaleza. Em cartaz no Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS-CE), a exposição “Cores que cantam, dragões que se devoram - o universo de Chico da Silva” é um convite aos sentidos. 

Uma série de trabalhos reverencia a obra do pintor. Além da projeção imersiva, a mostra dialoga com outras expressões artísticas e culturais. Conta com instalação sonora, sessão de filme e exibição de indumentárias artísticas assinadas por Sérgio Gurgel, Dami Cruz, Carll Souza e M. Dias Preto.

A programação prevê ainda palestras e apresentações artísticas. Todas as atividades serão gratuitas. Um dos destaques é a projeção audiovisual na sala imersiva, dirigida pelo artista visual Valentino Kmentt. O trabalho ocupa as quatro paredes e o piso da sala de forma dinâmica e criativa.

Além dessa atividade lúdica, o MIS exibe o filme “Chico da Silva”, documentário de curta-metragem em 35mm produzido em 1976. A obra, dirigida por Pedro Jorge de Castro, foi restaurada pelo Museu e apresenta raras do artista, considerado um dos grandes nomes da pintura no Brasil.

Dentro das telas 

Mosaico de cores e sons, a instalação projetada na sala imersiva permite uma experiência única do público. Produzida pelo artista visual Valentino Kmentt, a obra coloca o visitante dentro das obras de Chico da Silva. Um mergulho no mundo mágico da Escola do Pirambu, que tinha o pintor como figura central.

Segundo o curador Solon Ribeiro, a exposição ultrapassa a ideia de "olhar retrospectivo". Transcende o tempo. Conecta passado, presente e futuro para lançar luz sobre a produção do pintor. 

"Suas representações de paisagens e animais revelam uma energia frenética e uma sensibilidade profunda, transmitindo uma ação que desafiou a normalidade e a ordem estabelecida, explorando novas possibilidades de expressão", aponta.

Para Kmentt, o trabalho exigiu ir além de simplesmente expor seus quadros e a imagem de Chico da Silva. "Me vi forçado a apropriar-me de sua obra, tomar emprestado um pedaço de sua trajetória, seu pincel, suas telas para assim aplicá-lo nesse novo ambiente que extrapola a fronteira da tela convencional, um ambiente multitelas, um espaço de imersão".

Filme raro de Chico da Silva

Consultora do projeto, Gerciane Oliveira explica que a experiência consolida uma elemento fundamental na arte imaginada pelo homenageado. "A transposição do universo temático do pintor Chico da Silva para a experiência imersiva, ao colocar seus elementos pictóricos desprendidos do plano da tela em modo animado chama atenção para um aspecto da obra do artista acreano que sempre este ali de forma sutil ou direta, o movimento".

Sem dúvidas, um dos pontos altos da visita ao MIS é assistir ao filme “Chico da Silva”. O documentário concentra-se nos depoimentos do próprio Chico da Silva, uma raridade considerando-se a escassez de registros sonoros e visuais disponíveis do artista.

A partir das imagens é possível uma viagem no tempo. Vemos o bairro Pirambu dos anos 1970 e a profunda conexão de Chico com aquela comunidade. Os negativos deste importante documento foram doados pelo diretor Pedro Jorge ao Museu da Imagem e do Som do Ceará.

A versão exibida no Museu é um deleite aos olhos. O filme passou por minucioso processo de restauração e digitalização em 4K. O processo foi desenvolvido pelo Laboratório de Preservação, Conservação e Digitalização do MIS.

Serviço

Exposição “Cores que cantam, dragões que se devoram - o universo de Chico da Silva”.

Local: Museu da Imagem e do Som do Ceará - MIS (Av. Barão de Studart, 410, Meireles).

Horários: Quarta e quinta (10h às 18h, com acesso às exposições até 17h30), Sexta a domingo (13h às 20h, com acesso às exposições até 19h30).

Valor: gratuito.