Se o Centro respira história e movimento, tem cheiros ainda mais característicos que não saem do olfato de quem frequenta o bairro. Pelas ruas, entre prédios e pessoas, tem comida para todo sabor. Seja o acarajé da dona Iêda, que há 30 anos conquista quem passa pela Praça do Ferreira, ou o abacaxi sempre docinho do seu Antônio, que já faz parte do cruzamento das ruas Floriano Peixoto e Senador Alencar.
O Diário do Nordeste preparou um guia com algumas das iguarias mais tradicionais do local e onde você pode saborear as delícias na sua próxima visita ao bairro. Confira:
Cuscuz e pão na chapa
Nosso tour começa com as opções de lanches e café da manhã para quem chega cedinho. Logo ali na Rua Princesa Isabel, por trás do Beco da Poeira, tem o carrinho do Pernambuco Lanches.
Natural de Pernambuco, Alexandre Rafael, de 34 anos, é o responsável pelo preparo dos alimentos e conta que o movimento já começa cedo, desde 6h e vai até 10h. Depois, retorna no período da tarde, de 14h às 16h.
“Tô aqui há nove anos, no mesmo ponto. Muita gente vem todo dia, pessoal que trabalha por aqui, muito turista. Enfraqueceu um pouco depois da pandemia, mas agora tá melhorando”.
No carrinho, tem cuscuz, pão na chapa, tapioca, bolo, bruaca e, claro, o cafezinho, com preços variados. A tapioca, por exemplo, é a partir de R$ 1,50, o cuscuz vai de R$ 4 a R$ 8 a depender do recheio.
Onde encontrar: Rua Princesa Isabel, por trás do Beco da Poeira
Coco gelado
Outro item que não pode faltar nas andanças pelo Centro é a água de coco geladinha para refrescar. Perto do carrinho do Alexandre, fica Nonato Raimundo, de 44 anos. Desde os 15 anos, ele trabalha pelo Beco da Poeira e há uns três começou a vender coco.
“Não tem outro trabalho né, eu vivo disso e, no Centro, é onde tudo acontece. É um bom ponto, pessoal que tá no beco desce e vem tomar coco”.
A água de coco do Seu Nonato custa R$ 2,50.
Onde encontrar: Rua Princesa Isabel, por trás do Beco da Poeira
"Ei, Açaí"
É assim que dona Fátima Araújo, de 66 anos, é chamada. Há cinco anos ela começou a vender a iguaria paraense nas ruas do Centro. O carrinho, montado na rua 24 de Maio, em frente ao Esqueleto da Moda, tem açaí de 9h às 17h.
“Tem movimento o dia inteiro. Gosto do Centro porque não vendo fiado e, se eu trabalhar no bairro, sempre aparece quem queira comprar pra pagar depois e eu só trabalho com Pix e dinheiro”.
O preço da porção vai de acordo com o tamanho da fome do cliente, varia de R$ 4 a R$ 10. “Dependendo do cliente, vai até R$ 15”. É possível ainda acrescentar complementos, como granola, confeitos de chocolate e mais.
Onde encontrar: Rua 24 de Maio, em frente ao Esqueleto da Moda
Cachorro-quente completão
Comida de rua e cachorro-quente são quase sinônimos e, no Centro, não seria diferente. Desde 2008, Damião de Oliveira, de 47 anos, vende hot dogs também na 24 de maio, de 5h às 17h.
No carrinho, é possível comprar ainda pasteis e bolo. Os cachorros-quentes de Damião são repletos de recheio e ao gosto do freguês. Salsicha, carne moída, maionese, ketchup, batata palha.
O hot dog custa R$ 5, com suco fica R$ 6 e com o refrigerante fica R$ 7,50.
Onde encontrar: Rua 24 de Maio
Abacaxi cortado
Mas é claro que na nossa lista não poderia faltar o abacaxi docinho e já cortado. “É o melhor abacaxi do Ceará”, garante Seu Antônio Mendes, de 66 anos. “Compro na Ceasa e eles têm que primeiro passar pela minha mão pra saber se é bom. Eu tenho experiência”.
E há 35 anos a fórmula de Seu Antônio funciona. “Escolhi vender no Centro porque no bairro residencial não presta, aí vim fazer uma experiência e colou. Muita gente procura, tenho freguês de todo canto do Brasil que vem me procurar”.
Além da fruta já cortada para consumo imediato, ele também vende o abacaxi inteiro, por R$ 7, já as fatias no copinho custam R$ 3.
Onde encontrar: cruzamento das ruas Floriano Peixoto e Senador Alencar
Almoço no PF
Quem estica o passeio, tem ainda a opção do almoço. Próximo à Praça do Ferreira, na rua Pedro Borges, o PF (prato feito) da Juliana Oliveira tem feito sucesso. Com cardápio que varia todo dia, o pratinho tem dois tamanhos, o menor custa R$ 7 e o maior R$ 10.
Juliana conta que é ela a responsável pelo preparo dos alimentos e acorda às 4h para deixar tudo pronto.
“Tem seis meses que comecei a vender aqui por conta da movimentação, é mais agitado por aqui, tem sempre um fluxo bom de pessoas”.
Onde encontrar: rua Pedro Borges, próximo à Praça do Ferreira
Acarajé da cearense
Quem vai se aproximando da Praça do Ferreira, próximo à Pastelaria Leão do Sul, já sente o cheiro do óleo de dendê no fogo. Tradicional há 34 anos no Centro, o Acarajé da Iêda resgata o sabor do tempero baiano.
Iêda Gonçalves, de 58 anos, conta que aprendeu a fazer os acarajés com a sogra, que, segundo ela, foi a primeira baiana a vender a iguaria em Fortaleza. “Ela precisou ir embora pra Paraíba, eu e meu esposo assumimos e ficamos aqui na Praça da Ferreira”.
Hoje, ela, o marido e o filho trabalham no carrinho. “É o nosso pão de cada dia e é abençoado. Moramos em Caucaia e todo dia fazemos essa viagem”.
Entre as opções, tem o tradicional (R$ 15), o especial (R$ 18) que leva dois tamanhos diferentes de camarão e o com o camarão grande (R$ 17).
Onde encontrar: Praça do Ferreira, em frente à Pastelaria Leão do Sul