A 25ª edição do DFB Festival, que chega ao seu terceiro dia nesta sexta-feira (26), se encaminha para os últimos dias de programação, mas ainda há muito a ser visto. Nos próximos dias, há desfiles de grandes estilistas e novos nomes da moda, palestras, shows e muito mais.
Para te mostrar um pouco do que está rolando por lá, o Verso elencou alguns dos principais destaques do segundo dia de evento – e o que você ainda pode conferir nos últimos dois dias de festival. Confira a seguir:
1. Destaques da moda cearense
Grande protagonista do evento, a moda autoral cearense tem sido bem representada na passarela do DFB XXV. Por lá, já passaram as marcas 100% CE, Almir França, Almerinda Maria e Marina Bitu, e ainda desfilam Bruno Olly, Melk ZDA, Baba, Catarina Mina e Lino Villaventura.
No segundo dia do evento, os desfiles reuniram nomes que demonstram a pluralidade da criação autoral do Ceará: Vitor Cunha, Fruto do Conde, Lindebergue e David Lee.
O primeiro desfile de marca cearense da noite, de Vitor Cunha, apresentou a coleção "Interior", que resgata a relação do homem com a natureza, da floresta ao mar. Com tramas de tecido que remetem a redes de pescar e tons terrosos que se contrapõem a verdes vivos, a coleção explorou artesanias de crochê, estamparia e jeans e encantou pela versatilidade.
O segundo desfile da noite, da marca Fruto do Conde, trouxe a coleção "Do Kabuki ao Cangaço", unindo elementos tipicamente nordestinos à performatividade e cores do Kabuki, um tipo de teatro tradicional japonês.
Um dos destaques da noite, o desfile de Lindebergue entregou o que costuma entregar: uma festa bonita e diversa, com um casting que mostra quem vive e faz o Brasil, trilha sonora apurada e criatividade nas cores e texturas.
Sob o nome "Prazo de Validade", as peças usam tules, cintilâncias e crochês feitos de plástico que impressionam e prestam homenagem à memória afetiva do estilista. Um dos detalhes mais curiosos da noite também foi produzido pelo artista: várias das peças tinham fotos dele com seu gato, num autorretrato amoroso que define bem o que o desfile buscou resgatar.
Um dos desfiles mais aguardados do DFB, a coleção "Horizonte", do premiado David Lee, explorou elementos que vão do mar ao asfalto, unindo referências praianas e um streetwear elegante. Nas roupas, muitas listras, roupas leves que saem do casual pelo uso primoroso dos detalhes e, como de costume, peças de crochê em cores marcantes.
2. Novos talentos
Ainda na passarela, um destaque do DFB foi a edição deste ano do Concurso dos Novos, que recebe projetos autorais de cursos de moda e estilismo de todo o País para revelar e impulsionar novos talentos. Neste ano, participam turmas de cursos do Ceará, do Rio Grande do Norte, de Minas Gerais e do Paraná.
No segundo dia de evento, quem abriu o desfile foi a Universidade Federal do Cariri (UFCA), vencedora do concurso no ano passado, com a coleção Descender. Neste ano, o projeto contou com seis alunos - Adriana Basílio, Camilly Macitas, Isabella Sampaio, Giovanna Rodrigues, Luís Eduardo Lobo, Pedru Lima - e teve como tutor o professor Davi Moreira.
O desfile chamou a atenção pelas peças maximalistas e pelo uso de materiais e técnicas não convencionais, como biomaterial e pintura de pigmentos naturais, como o caju, para contar a história do Cariri.
“A gente queria peças com muito volume, que fossem fora do corpo, silhuetas diferentes. A gente queria explorar aquilo que não é literal, o abstrato, aquela coisa que você olha e você pensa: 'cara, por quê?', que causa um questionamento, um impacto", conta Isabella Sampaio, 20, uma das estudantes que participaram da criação da coleção.
Responsável pela orientação da turma, Davi Moreira conta que o fator mais importante do Concurso dos Novos é manter os estudantes como protagonistas - e que a turma do Cariri se mostrou multitalentosa, dominando todas as etapas da produção das peças.
bicampeonato.
"Eles foram muito ambiciosos, porque escolheram silhuetas e peças que tecnicamente, construtivamente eram muito difíceis, levaram muitos meses para serem feitas", explica. "Acredito que esse desafio, além de proporcionar um aprendizado individual, possibilita também um trabalho coletivo, de negociar o que eu trago, o que o meu colega e como a gente junta essas ideias", destaca.
3. Looks handmade
Quem vai a eventos de moda sabe que as tendências e looks extravagantes não se restringem à passarela. Pelo contrário: antes mesmo de entrar nas salas de desfile, é possível conferir o que tem chamado atenção, das roupas montadas para o close nas redes sociais a peças pensadas por estudantes e criadores independentes.
Este último caso costuma ser o mais interessante de observar. Ao andar pelo Centro de Eventos do Ceará na segunda noite do festival, foi possível ver adolescentes e jovens têm acrescentado a valorização das tradições artesanais do Ceará ao seu estilo pessoal.
A estudante de moda Letícia Teles, 21, é exemplo dessa vontade de unir, em um só look, passado, presente e futuro. Com peças criadas manualmente, ela usou crochê, jeans e conchas que seriam descartadas para compor uma produção que se baseia na história do Dragão do Mar e dos jangadeiros.
Quem também investiu em criações originais foi o grupo de jovens entusiastas da moda Gui Morais, 21, Rosé Almeida, 20, Maria Rúbia, 21, e Noah Saturno, 19 (foto). Cada um preparou looks especiais para mostrar um pouco do próprio repertório no evento e trouxe diferentes referências ao Ceará no vestuário.
Enquando Gui uniu referências ao Sertão cearense e alfaitaria, Rosé usou crochê e um styling praiano para homenagear as crições do estilista Vitor Cunha, que apresentou nova coleção na noite de ontem.
A estudante autodidata Maria Rúbia também apresentou um look que conversava, em conceito e cores, com o que estava na passarela: materiais de reuso que fazem alusão à natureza, às águas, "a estar submersa".
"Fiquei bem feliz, porque você ser autodidata realmente um parto diário", brinca a artista, que deseja entrar em uma faculdade de moda no próximo ano. "O meu corpo é político e o que o visto é político. Ver isso refletido nas passarelas e do Brasil todo fez eu me sentir confiante de que eu estou pesquisando direito", conta.
O all jeans também esteve presente como uma tendência, mixado a elementos do streetwear. Essa foi a escolha do modelo e estudante de moda Noah Saturno, que investiu em customizações autorais da jaqueta aos chinelos.
4. Tendências 2025
Por mais que as tendências de moda possam parecer distantes dos empreendedores de pequenos negócios, tudo pode ser adequado e adaptado para fazer seu produto e sua marca se destacarem no mercado. É o que defende Luiza Nolasco, general manager da plataforma Start, novo braço de negócios da WGSN, maior empresa de previsão de tendências do mundo.
A especialista foi uma das palestrantes do DFB Summit nesta quinta-feira (25). Na ocasião, Nolasco destacou alguns dos principais tópicos que devem fazer sucesso no mercado em 2025, como o estilo western, o retorno da alfaitaria e as produções autorais artesanais.
Nos looks, a tendência se destaca por elementos já conhecidos e explorados em outras ocasiões – a diferença está na composição e no que comunicam. “Tem estampas com mais arabesco, com mais tie-dye, tem mais franja, a pegada do cowboy. Então, você pode usar uma fivela maior, usar mais turquesa, usar uma pegada mais mística”, explica Luiza. “É muito sobre como você treina o seu olhar para olhar a tendência e leva isso para outros segmentos”, completa.
Desde se começou a falar em quiet luxury – o “luxo tranquilo”, caracterizado por roupas elegantes, discretas e com foco em acabamento primoroso e peças duráveis –, a alfaiataria voltou a estar em alta. Para Luiza, esse movimento deve seguir forte no próximo ano, especialmente pelo retorno ao trabalho presencial pós-pandemia.
“Com o final da pandemia, as pessoas voltaram a trabalhar [fora de casa] e está voltando a pegada da ‘roupa de trabalho’, roupas mais formais. E isso tem sido adaptado para diversos segmentos”, explica. No jeans, por exemplo, é possível investir em cortes mais retos e lavagens mais escuras.
O uso de materiais artesanais e sustentáveis também deve ser cada vez mais valorizado, de acordo com Luiza, que destacou a força do Ceará nesse tipo de produção. “É uma região muito de referência, então estar aqui é muito importante pra gente ver isso, fazer foto, fazer entrevista, porque a gente quer levar isso de conteúdo [para a plataforma Start] também”, conclui.
5. Programação musical
Além dos desfiles, palestras e demais atividades relacionadas à moda e ao design, outro segmento que tem brilhado no DFB XXV é a música. Cada dia de evento é encerrado com shows gratuitos de grandes nomes da música – em sua maioria, cearenses.
No segundo dia de programação, quem encantou os presentes foi o Bloco Mambembe, comandado por Mulher Barbada e Deydianne Piaf. No repertório, muita animação e clássicos da axé music, como "Arerê", "Rapunzel" e "Na base do beijo". A ideia era, brincou Mulher Barbada no palco, "mostrar para quem é de fora um pouquinho do que é o Fortal".
As duas divas da música cearense fazem parte de um line-up com uma curadoria apurada de talentos do Nordeste. Na primeira noite de programação (24), o show de encerramento foi de Silvero Pereira, que apresentou seu novo show, "O Canto do Bode Rei".
Nesta sexta-feira (26), serão quatro atrações, com shows a partir das 19h. Se apresentam DJ Xarada, Baile Marrom com Emiciomar, Wavzin e Má Dame. Já no sábado (27), quem encerra o evento com chave de ouro é o cantor pernambucano Johnny Hooker.